O Rio de Janeiro está entre os estados com as maiores taxas de desocupação (19,1%) - Divulgação
O Rio de Janeiro está entre os estados com as maiores taxas de desocupação (19,1%)Divulgação
Por Letícia Moura
Rio - Além da crise sanitária provocada pela covid-19, o ano que passou ficou marcado pelos recordes nos altos índices de desemprego no Brasil. No terceiro trimestre de 2020, a taxa de desocupação do país foi de 14,6% - a mais alta da série histórica iniciada em 2012, crescendo 1,3 ponto percentual em relação ao trimestre de abril a junho do ano passado (13,3%). Foi o que revelou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro. O levantamento indicou que o Rio de Janeiro está entre os estados com as maiores taxas de desalento, com 19,1%, atrás do Alagoas (20,0%), Sergipe (20,3%) e Bahia (20,7%).
Para 2021, Fernando Lobo, analista de Recrutamento & Seleção e ex-coordenador do Observatório de Emprego e Renda da Secretaria Estadual de Trabalho (SETRAB-RJ), estima que a curva de empregabilidade apenas será positiva a partir de julho. "Teremos um primeiro semestre muito difícil. O impacto do fim do auxílio emergencial já será sentido esse mês. As vendas vão cair, o desemprego tende a aumentar por falta de consumidor. O dinheiro vai circular pouco na economia. O comércio vai ter que diminuir mais ainda os custos, ou seja, o trabalhador mais uma vez será duramente atingido", explica Lobo.
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A vacina contra o coronavírus representa o sopro de esperança para a saúde e também para a recuperação da economia. "A partir de julho o comércio terá uma sobrevida. Já teremos boa parte da população vacinada, assim espero. O impacto da covid-19 na economia será bem menor", avalia o especialista. 
"Se imaginarmos um contexto de controle da pandemia, com a vacinação, esperamos que as atividades do setor de serviços retomem num prazo curto após o controle do vírus. Por exemplo, como bares, restaurantes, hotéis, todo este setor característico do Estado do Rio de Janeiro. Temos observado que o turismo local, destinos próximos às pessoas, têm tido um aumento de demanda no Rio. Então, esperamos que o mesmo aconteça com bares e restaurantes que estejam subocupados", pondera Paula Esteban, coordenadora do curso de Economia do Ibmec Rio.
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O diretor do Banco Nacional de Empregos (BNE), Marcelo de Abreu, faz coro sobre o otimismo que a imunização traz para a economia: "Tudo indica que teremos um reaquecimento da economia com a redução da pandemia. Os empregadores ficarão mais otimistas com a redução das incertezas, e as vagas voltarão a surgir de forma geral. Mas, enquanto isso, recomenda-se aos candidatos ficarem atentos às demandas que o mercado de trabalho mais exige". 
Políticas públicas
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Fernando Lobo defende que faltam políticas públicas de geração de emprego no estado. “O poder público deveria olhar para as necessidades locais. Isso não ocorre. Segurança, saúde e emprego, são os itens que aparecem em todas as pesquisas como as principais demandas da população, não necessariamente nessa ordem. Aqui no RJ não existem políticas públicas de geração de emprego, tanto no estado, quanto no município”, avalia Lobo.
Busca por emprego
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Morador de Honório Gurgel, na Zona Norte do Rio, Antônio Carlos Lagarto, de 27 anos, busca ingressar no mercado de trabalho. O jovem administrava um negócio familiar com o pai, que faleceu em dezembro passado. Antônio Carlos conta que foi encaminhado para uma vaga por meio do projeto Comunidade Católica Gerando Vidas, mas espera o resultado do processo seletivo. A iniciativa indica trabalhadores para oportunidades de trabalho. As vagas podem ser conferidas por meio da página do Facebook (https://www.facebook.com/sougerandovidas).   
"O projeto abriu uma porta que eu nem esperava, ainda mais neste momento, com a atual situação do país. Eu fico muito feliz de ter dito essa oportunidade, e espero que outras pessoas também tenham por meio do Gerando Vidas", contou Antônio Carlos.  
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Ocupações tendência 
Conforme o Banco Nacional de Empregos (BNE), as 12 ocupações que devem ser tendência em 2021 são: desenvolvedor de software, analista de sistemas, pedreiro, mestre de obras, ajudante de pedreiro, auxiliar de carga e descarga, operador de empilhadeira, entregador, enfermeiro, técnico de enfermagem, farmacêutico e médico.
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Dicas para recolocação no mercado
Se você busca recolocação no mercado, saiba que o processo pode ser árduo, mas sua hora e o emprego desejado vão chegar. Para te ajudar a conquistar a vaga pretendida, O DIA reuniu dicas de especialistas em Recursos Humanos. Eles fazem coro para a primeira estratégia que deve ser pontuada: crie uma rotina e metas. Mas como fazer isso? Por onde começar?

A especialista em Recursos Humanos e sócia-diretora da Yluminarh, Ylana Miller, recomenda que o profissional se auto avalie, identifique seus pontos fortes e diferenciais competitivos: “Faça um mapeamento da faixa de remuneração e uma relação das organizações que tenha interesse em trabalhar, além da elaboração de um currículo atualizado focado no seu objetivo profissional. Em seguida, se prepare para as entrevistas dos processos seletivos”, esclarece.

Ela reforça a importância do networking, ou seja, manter uma rede profissional de contatos. Além de possíveis indicações para vagas, o trabalhador pode adquirir experiências na área desejada, por meio da troca de conhecimentos. “Ampliar a rede de relacionamentos também contribui muito para novos aprendizados. Fique atento às redes sociais, que compartilham e disseminam informações de seu interesse. Converse ao máximo com amigos e profissionais da sua área de atuação”, orienta Miller.

Miller aconselha a busca em sites que sejam confiáveis, inscrição em banco de talentos nas empresas que tenha interesse em trabalhar, além de acompanhamento nas redes sociais focadas em empregabilidade.

O que os recrutadores procuram em um candidato? Cláudio Riccioppo, especialista em RH e CEO da Employability esclarece que a equipe de recursos humanos procura trabalhadores que mostram vontade de somar e apresentam comprometimento com a empresa.

“Um profissional que saiba identificar e superar obstáculos de forma proativa, indo além do seu trabalho e pensando ‘fora da caixinha’ estará sempre chamando a atenção do entrevistador, mesmo que talvez não possua todos os pré-requisitos necessários para a função”, explica Riccioppo.
 
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