O cartão de crédito ainda liderou o ranking de dívidas, segundo a pesquisa - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O cartão de crédito ainda liderou o ranking de dívidas, segundo a pesquisaMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Por Marina Cardoso
Brasil - Após oito meses de queda, os juros das seis linhas de crédito subiram no mês que encerrou 2020, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). Entre elas estão cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal - bancos, empréstimo pessoal - financeiras, juros do comércio e crédito direto ao consumidor – financiamento de automóveis.
A taxa de juros média para pessoa física teve alta de 0,91% em dezembro (1,20% em doze meses), passando de 5,51% ao mês (90,34% ao ano) em novembro para 5,56% ao mês (91,42% ao ano) em dezembro do ano passado. Assim, os dados revelam que esta foi a maior taxa de juros desde agosto de 2020.
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Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de estudos e pesquisas da Anefac, as elevações podem ser atribuídas ao aumento dos juros futuros, a expectativa de novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação maior e devido a provável elevação dos índices de inadimplência.
“Essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas), ao desemprego elevado, que acontece no Brasil, ao fim do pagamento dos auxílios emergenciais (feitos pelo governo), ao aumento da inflação e seus efeitos na renda, e, por fim, a maior seletividade dos bancos na concessão de crédito”, aponta Oliveira.
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Para os próximos meses, Oliveira, acredita que, tendo em vista a piora do cenário econômico com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, a tendência é que as taxas de juros possam continuar em alta nos próximos meses. “Mas algumas ações do Banco Central podem amenizar estas altas como redução de impostos, compulsórios e reduções da Taxa Básica de Juros”, diz.
Para não virar bola de neve
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Com o aumento das taxas de juros, os consumidores precisam ficar ligados para não cair na bola de neve da cobrança de juros das linhas de crédito. Muito utilizados pelos brasileiros, o consultor e planejador financeiro Marlon Glaciano lembra que cartão de crédito e cheque especial já são possibilidades com taxas altas.
"O cartão de crédito é um empréstimo. Quando a gente não tem um controle, não souber honrar o compromisso, você precisa pagar uma taxa de juros elevadíssima. Já o cheque especial o consumidor está endividado, não tem dinheiro para honrar os pagamentos, e você precisa tomar dinheiro com a instituição bancária para que possa fechar a conta no azul", ressalta ele.
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Ele afirma que os dois são soluções que deixam de ser configuradas desta forma se o consumidor não souber usar com qualidade. Por isso, é importante sempre ter em mente o cuidado financeiro com suas contas. "É preciso entender como está a sua rota financeira. É uma pessoa que sabe entender qual sua receita e despesas? É preciso criar uma lista financeira para entender onde se está gastando muito e de qual lugar se pode cortar. Assim, você não vai depender de ficar extrapolando no cartão de crédito e no cheque especial", indica Glaciano.
Pessoa Jurídica
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Todas as linhas de crédito de pessoa jurídica também tiveram suas taxas de juros elevadas no mês de dezembro. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica teve elevação de 1,41% no mês (1,63% em doze meses), passando de 2,83% ao mês (39,78% ao ano) em novembro para 2,87% ao mês (40,43% ao ano) em dezembro do ano passado. Foi a maior taxa de juros desde setembro de 2020.
Taxa de juros x Selic

Considerando todas as elevações e reduções da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, Anefac afirmou que neste período (março de 2013 a dezembro de 2020) houve uma redução da Selic de 5,50 pontos percentuais (redução de 72,41%), de 7,25% ao ano em abril de 2013 para 2,00% ao ano em dezembro de 2020. Neste período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 3,45 pontos percentuais (elevação de 3,92%), de 87,97% ao ano em março/2013 para 91,42% ao ano em dezembro de 2020.

Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma redução de 3,15 pontos percentuais (redução de 7,23%), de 43,58% ao ano em março de 2013 para 40,43% ao ano em dezembro de 2020.
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