Atualmente, com o aumento determinado pelo Governo, o salário mínimo está em R$1.100 - Reprodução/Internet
Atualmente, com o aumento determinado pelo Governo, o salário mínimo está em R$1.100Reprodução/Internet
Por Maria Clara Matturo*
Rio - O reajuste do salário mínimo para R$1.100 não repõe a inflação do ano passado. Segundo dados divulgados, nesta terça-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve como indicador para correção do salário mínimo, teve alta de 5,45%, enquanto o reajuste salarial determinado pelo governo ficou em 5,26%. Para corresponder à inflação, o valor do mínimo precisa ser de R$1.102
Em 2019, depois de ter ficado abaixo do INPC acumulado, o mínimo também precisou ser reajustado novamente. Isso acontece porque o governo prevê o aumento por uma estimativa, antes da divulgação oficial de dados. "O salário mínimo foi reajustado na virada do ano de R$1.045,00 para R$ 1.100,00, tendo como referência uma estimativa do Governo para o INPC acumulado, sendo que o índice do mês de dezembro ainda não tinha sido fechado. Isso também aconteceu na virada de 2019 para 2020, em que o valor inicialmente fixado foi de R$1.039,00 e depois foi aumentado para R$1.045,00", explicou o economista Gilberto Braga
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Agora, é preciso que um novo reajuste seja feito, conforme o previsto pela Constituição Federal. "O IBGE apurou que o INPC oficial de 2020, que é o fator de inflação que está atrelado ao reajuste do salário mínimo, foi de 5,45%. A Constituição Federal determina que o mínimo seja corrigido pelo menos de acordo com a inflação medida pelo INPC do ano anterior. Desta forma o valor correto deveria ser de R$1.101,95, tendo ficado a menor em R$1,95. Por isso, para não desrespeitar a constituição, é provável que o novo mínimo seja corrigido para R$1.102,00, arredondando-se o centavo para facilitar os cálculos", afirmou o economista.
Apesar do reajuste acontecer anualmente, o aumento do salário mínimo não representa mudanças reais no bolso dos brasileiros, como ponderou Gilberto: "Esse aumento representa somente a reposição da inflação, que significa a reposição momentânea do poder de compra de quem recebe o mínimo, uma vez que não houve aumento real. Se a inflação continuar alta ao longo de 2021, o poder aquisitivo cairá proporcionalmente, uma vez que os preços, principalmente o dos alimentos sobem e o próximo reajuste do mínimo será somente em 2022". 
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Questionado sobre a necessidade de um novo reajuste no salário mínimo, o Ministério da Economia ainda não retornou. 
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso