Chicão Bulhões - Divulgação
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Por MARTHA IMENES
Rio - Ano novo, vida nova. Pelo menos é o que todos esperam, certo? Para as empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz - depois de muitas promessas não cumpridas da gestão anterior - ontem uma reunião entre a Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e Adjacências (Aedin), a secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Desburocratização e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) começou a discutir a revitalização do distrito. Dando início ao novo ano, na manhã desta terça-feira o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões, e o subprefeito da Zona Oeste, Edson Menezes, foram conhecer de perto os problemas do Distrito Industrial de Santa Cruz, que abriga 14 grandes empresas e gera mais de 15 mil empregos diretos e 2,5 mil terceirizados.

Conforme O DIA vem denunciando desde junho do ano passado, a região padece com abandono e isso tem levado indústrias a deixarem o local, provocando desemprego e fuga de investimentos. "Estamos agendando uma primeira reunião com a Seconserva (Secretaria de Conservação), e com a Infraestrutura para levar essas demandas e ver como resolvê-las. Vamos apresentar o projeto e os processos que a Aedin já têm para dar andamento à revitalização da região", disse Bulhões.

Um dos projetos trata da infraestrutura viária, com escoamento de águas pluviais, drenagem, asfaltamento, calçamento, iluminação, sinalização, construção de abrigos para transporte público.


"É um compromisso dessa prefeitura e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de não deixar que a gente perca importantíssimas indústrias da cidade do Rio de Janeiro. A gente teve notícias de recentes no país de algumas indústrias indo embora, mas a gente tem compromisso com as nossas indústrias ficarem aqui gerando emprego, gerando renda, e trazendo muita atividade econômica" afirmou Chicão Bulhões.

O secretário garantiu que vai resolver a situação para uma "solução definitiva para que possam funcionar e continuar gerando emprego e renda".
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"O projeto da prefeitura (na gestão anterior) previa gastos de R$ 24 milhões para as obras na região, inclusive com a construção de ciclovia, áreas de convivência, além de toda infraestrutura viária. Mas compreendemos que neste momento isso não pode ser feito. A nossa proposta é que as intervenções sejam feitas em três etapas, sendo a primeira emergencial para dar segurança viária e escoamento da produção", conta Fernanda Guimarães, a primeira mulher eleita presidente da Aedin desde a sua criação há 40 anos.

"Temos que melhorar as vias de acesso para que possamos escoar a produção e dar segurança a quem trafega pelo distrito. Por conta da precariedade das ruas, ontem um caminhão e um ônibus da Casa da Moeda com funcionários tombaram por conta dos buracos", lamenta Fernanda.

A Aedin representa as empresas Casa da Moeda do Brasil, Ternium, Cladtek do Brasil, AksoNobel, Gerdau, Ball, Etec, Messer, Fábrica Carioca de Catalisadores, Ceptis, Catrium, Furnas, Oil States, e Opersan, que operam no Distrito Industrial de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

Recursos
A falta de dinheiro em caixa é um dos entraves para a realização de obras na região, embora exista um convênio entre o Departamento Estadual de Estradas e Rodagem (DER-RJ) que permite a alocação de recursos para obras viárias, como a realizada no Distrito Industrial de Queimados, na Baixada Fluminense.

"Vamos buscar recursos onde eles estiverem disponíveis. Sem dúvida contamos com as indústrias para ajudar neste projeto. Não há espaço para contrapartida fiscal neste momento, temos que trabalhar em conjunto para resolver o problema", acrescentou Chicão Bulhões.

Relembre o caso
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Os distritos industriais concentrados na Zona Oeste padecem com ruas esburacadas, falta de pavimentação e calçadas, pouquíssima ou nenhuma iluminação, pontos de ônibus inexistentes - inclusive o próprio coletivo desapareceu da região -, não há poda de árvore e faltam áreas de convivência urbana. Ou seja, toda infraestrutura da região que abriga indústrias que geram empregos, mesmo durante a pandemia de coronavírus, é caótica.

A Avenida Brasil, principal via de acesso a esses polos padece com engarrafamentos e buracos. Por conta disso, escoar a produção e produtos dessas regiões - que deveria ser uma tarefa relativamente fácil -, tem se mostrado um desafio constante. Para se ter uma ideia, a região abriga 49 empresas. Sendo Campo Grande com o maior número (22), seguida de Santa Cruz, com 16; Palmares tem sete e Paciência, quatro. Segundo informações da Companhia Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), responsável por implantar os distritos, a sua manutenção é, constitucionalmente, feita pelas prefeituras dos municípios.

Por dia passam no que seriam ruas do polo industrial 550 ônibus para transporte de funcionários, 800 caminhões e cerca de 2 mil veículos de passeio. Some a isso R$ 260 milhões anuais desembolsados em impostos (estadual e municipal). Estes são alguns dos números do Distrito Industrial de Santa Cruz.

No polo, é comum ver caminhões quebrados, ainda com as cargas que deveriam ser escoadas da região, carros de passeio com pneus e suspensão avariados pelo caminho, trabalhadores com rostos e roupas cobertos de poeira amargando a longa espera do coletivo, que sumiu do distrito.