Cerca 40% das pessoas têm a intenção de se mudar nos próximos dois anos, sendo que 32,5% já estão de olho nas ofertas do mercado imobiliário - Divulgação
Cerca 40% das pessoas têm a intenção de se mudar nos próximos dois anos, sendo que 32,5% já estão de olho nas ofertas do mercado imobiliárioDivulgação
Por Maria Clara Matturo*
Com a chegada da pandemia, os brasileiros passaram a ficar mais tempo em suas casas e buscar mais conforto em seus imóveis, o que resultou no crescimento da busca pelo espaço perfeito. Uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apontou que 40% dos 689 participantes têm a intenção de se mudar nos próximos dois anos, sendo que 32,5% deles já estão de olho nas ofertas do mercado imobiliário. Apesar da grande procura, o aumento dos aluguéis fechou o ano de 2020 em 2,48%, segundo o Índice FipeZap, variação menor do que a inflação, que ficou em 4,2%.
No Rio, para alugar um imóvel padrão, com 65m², dois dormitórios e uma vaga de garagem, em dezembro de 2020, se gastaria em média R$1.780 por mês, de acordo com o relatório mensal do ImóvelWeb. O levantamento mostrou, ainda, que os bairros que registraram o maior aumento nos aluguéis foram a Barra da Tijuca, com um acréscimo de 16,4%, seguida do Humaitá, com 18,5% e Glória, que registrou a variação de 19,4%.
"Nos últimos anos, os preços caíram nominalmente, especialmente no Rio. O aumento de 2020 reforça a percepção de reversão dessa tendência. Porém, com a inflação se acelerando e fechando o ano acima de 4,5%, ainda tivemos queda em termos reais", comentou Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZAP.
Para aqueles que tiverem a oportunidade de custearem uma mudança, o momento pode ser oportuno.
"Devido às condições de mercado, sobretudo no que se refere ao excesso de imóveis disponíveis para venda e/ou locação o momento é propício para a barganha de preço e das condições de locação. Mesmo as famílias que acham que não tem condições deveriam consultar as incorporadoras que constroem habitações populares, pois existem excelentes oportunidade de preço e financiamento nesse setor, inclusive com subsidio do governo federal", explicou o economista Sérgio Motta.
Mas afinal, o cenário está mais favorável para comprar ou alugar?
A melhor opção é sempre aquela que está dentro do orçamento de cada família, como reforçou Motta. "Essa decisão vai depender evidentemente das demandas das famílias, da expectativa de manutenção dos empregos e das oportunidades de preço dos imóveis e das condições de financiamento. Mas, se pensarmos somente na questão econômica, existem dois fatores que devem ser considerados: o custo do financiamento, ou do aluguel, e a valorização do imóvel".
"No aspecto custo, devemos sempre comparar a taxa de juros do financiamento cobrado pelo banco com a “taxa” do aluguel, que pode ser calculada dividindo do valor do aluguel pelo preço do imóvel alugado. O resultado menor é a melhor opção do ponto de vista econômico. Porém, ao compramos um imóvel teremos direito a sua valorização futura, o que não ocorre na opção de locação. Isso deve ser balanceado no momento de decidir entre as opções", ponderou o economista.
Para o advogado especialista em Direito Imobiliário Francisco Egito, o mercado imobiliário está vivendo o melhor cenário para compra dos últimos anos. "Para quem ainda não comprou seu imóvel, as taxas de juros estão muito baixas, são as menores da história do Brasil. Isso significa uma prestação que cabe no bolso, com o valor próximo de um aluguel, mais prazo para pagar e um preço muito convidativo. A compra está no seu melhor momento, se você tem renda disponível, FGTS para dar de entrada ou uma pequena reserva, esse é o momento para realizar o sonho da casa própria".
Mas, se ainda não for o momento adequado para fazer o investimento, alugar pode ser uma solução. "Existem muitas ofertas para locação com preços convidativos. Durante o período que você alugar o imóvel poderá se planejar para comprar no futuro. A vantagem do aluguel é que você sempre pode mudar de bairro ou de rua, a locação também é uma boa alternativa", acrescentou Francisco.
Como evitar os negócios ruins e possíveis frustrações?
Por fim, se a decisão final for o aluguel, alguns cuidados precisam ser tomados durante as negociações a fim de evitar possíveis golpes, como orientou o advogado. "Desconfie de negócios muito atraentes, com ofertas e condições fora da média do mercado. Nas plataformas imobiliárias você consegue ver o preço médio tanto para locação quanto para venda. Verifique se a empresa que está promovendo a intermediação é bem localizada, se possui registro dos corretores, cheque o CNPJ e só faça qualquer depósito se estiver muito seguro do negócio que está fechando".
Além da parte burocrática, também é importante estar atento aos detalhes físicos do espaço. "Visite o imóvel pessoalmente, veja todos os detalhes e se as instalações elétricas e hidráulicas estão adequadas, para que depois você não venha a ter problemas. É importante realizar uma vistoria minuciosa do estado de conservação do local e essa vistoria deve estar prevista no contrato", alertou Francisco Egito.
"Se o imóvel precise de obras não desanime, é possível negociar com a imobiliária ou com o proprietário. Nesse caso, é importante detalhar na vistoria o que precisa ser feito em termos de obras e manutenções e também anexar um orçamento para esses consertos. Se houver um acordo prévio de abatimento no aluguel, já está dada a solução para a reforma do espaço", finalizou.
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso

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