O cartão de crédito ainda liderou o ranking de dívidas, segundo a pesquisa - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O cartão de crédito ainda liderou o ranking de dívidas, segundo a pesquisaMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Por Marina Cardoso
O ano mudou, mas as taxas de juros da principais modalidades de crédito utilizadas pelos consumidores não deram trégua. Nesta semana, a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC) anunciou que pelo segundo mês consecutivo o cartão de crédito e o cheque especial por exemplo, voltaram a subir. Paralelamente, a Proteste, associação de Defesa do Consumidor, fez um estudo que mostra que as taxas de juros do cartão de crédito continuam sendo as mais altas do mercado. Diante disso, para quem está com dívidas em uma dessas modalidades, a alternativa é migrar para outra e até banco que ofereça taxas mais em conta. 
Para o economista Alexandre Prado, o primeiro passo é entender a natureza das dívidas. "O ideal é ter em mente que dívidas não são todas ruins, mas sempre procurar ter débitos mais baratos. Caso esteja pesando muito no orçamento, a portabilidade pode ser o caminho para esse consumidor", diz ele.
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A portabilidade de crédito é a possibilidade de transferir uma dívida de empréstimo de um banco para outro. Ela pode ser feita a qualquer momento por iniciativa de quem contratou o empréstimo. Os motivos podems ser qualidade do atendimento e as taxas de juros da dívida.
"Qualquer tipo de empréstimo ou financiamento entra no leque da portabilidade de crédito: cheque especial, crédito consignado, crédito pessoal, financiamento de veículo ou imóvel, entre outros", explica Prado. 
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Para fazer a portabilidade, o economista sugere saber todas as informações de sua dívida, procurar e comparar as opções do mercado, consultar a instituição financeira e fazer uma proposta de portabilidade, além de ficar atento com as tarifas oferecidas pelo banco. 
Para isso, o consumidor precisa solicitar algumas informações sobre sua dívida à instituição atual para poder saber se vale a pena a portabilidade para futuramente quitar em outro banco. Entre elas estão número do contrato, saldo devedor atualizado, demonstrativo da evolução do saldo devedor, sistema de pagamento, modalidade de crédito, taxa de juros anual (nominal e efetiva), valor de cada prestação, especificando o valor do principal e dos encargos, prazo total e remanescente e data do último vencimento da operação.
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Cartão de crédito 
De acordo com pesquisa da Proteste, os juros do cartão de crédito podem chegar a 875,25% ao ano. Para piorar, na hora da contratação, as instituições financeiras não são transparentes ao informar sobre o Custo Efetivo Total (CET) que incidem em quatro serviços: pagamento rotativo, saque, parcelamento de fatura e da compra.
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Juros elevados
A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,05 ponto percentual no mês (1,09 ponto percentual no ano) correspondente a uma elevação de 0,90% no mês (1,19% em doze meses), passando a mesma de 5,56% ao mês (91,42% ao ano) em dezembro/2020 para 5,61% ao mês (92,51% ao ano) em janeiro de 2021 sendo esta a maior taxa de juros desde julho de 2020.
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Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de estudos e pesquisas da Anefac, as elevações podem ser atribuídas ao aumento dos juros futuros, a expectativa de novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação maior e devido a provável elevação dos índices de inadimplência.
“Essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas), ao desemprego elevado (fim do pagamento dos auxílios emergenciais, ao aumento da inflação e seus efeitos na renda, e, por fim, a maior seletividade dos bancos na concessão de crédito”, aponta Oliveira.

Para os próximos meses, Oliveira, acredita que, tendo em vista a piora do cenário econômico com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, a tendência é que as taxas de juros possam continuar em alta nos próximos meses. “Mas algumas ações do Banco Central podem amenizar estas altas como redução de impostos, compulsórios e reduções da Taxa Básica de Juros”, diz.