Ao todo, R$ 130 milhões da pasta foram destinados para irrigar 184 unidades militares, que não tem relação com o SUSNatalia Viana

Por Brasil Econômico
Rio - Uma parte da verba do Sistema Único de Saúde (SUS) que deveria ser utilizada no combate à pandemia, foi desviada para o Ministério da Defesa. Ao todo, R$ 130 milhões da pasta foram destinados para irrigar 184 unidades militares, que não tem relação com o SUS, inclusive, os hospitais militares se negaram a abrir leitos para pacientes civis de Covid-19.
A informação foi levantada pela jornalista Malu Gaspar, com base em documentos enviados à CPI da Covid, no Senado. O estudo feito pela procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane Pinto, mostra que parte do dinheiro foi parar no exterior. 
Publicidade
Comissões aeronáuticas brasileiras em Washington receberam R$ 55 milhões, e na Europa R$ 7,8 milhões, já para a Comissão do Exército Brasileiro em Washington foram depositados R$ 3,113 milhões e para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro R$ 1,067 milhão. 
O dinheiro foi usado até para compra de veículos de tração mecânica (R$ 22 milhões) ou uniformes (R$ 1,2 milhão). Além disso, material esportivo, veterinário e roupas de camas foram comprados com o dinheiro da doença. 
Publicidade
“A gestão sanitária da calamidade decorrente da pandemia infelizmente não foi orientada para salvar o maior número de vidas possível. A dinâmica da execução orçamentária foi muito suscetível a capturas e desvios”, afirma a procuradora no texto. 
O Orçamento do SUS é de R$ 72 bilhões, dos R$ 730 bilhões que o governo destinou para o combate à pandemia. O detalhe é que uma parte desse "orçamento de guerra" não foi de fato para combater o vírus. Na lista de desvios, depois do Ministério da Defesa, vem a Secretaria de Aviação Civil, com R$ 80 milhões recebidos sem justificativa. 
Publicidade
"Esses créditos foram criados especificamente para a covid. Quando se empenhou o dinheiro sem explicar como seria usado, abriu-se espaço para o desvio de recursos da saúde para possível aparelhamento de órgãos militares", diz Élida.