Como os consumidores devem pagar mais caro pelas suas dívidas, quem tem dívida no cartão de crédito e cheque especial pode ter problemas ainda maiores, já que são as linhas de crédito mais carasMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Dívidas no cheque especial, cartão de crédito e carnê ficam maiores após alta da Selic; veja dica dos especialistas
Diante disso, especialistas explicam o que as pessoas devem fazer para não criar uma bola de neve nos débitos
Com o aumento da taxa básica de juros da economia, na semana passada, o Copom do Banco Central (BC) elevou de 4,25% para 5,25% ao ano, os consumidores devem ficar atentos nas dívidas. Isso porque com a alta, os juros do cheque especial, cartão de crédito, empréstimos e o carnê de varejistas podem encarecer. Diante disso, especialistas explicam o que as pessoas devem fazer para não criar uma bola de neve nos débitos.
De acordo com o economista Gilberto Braga, professor da Fundação Dom Cabral e do Ibmec-RJ, quando há o reajuste da Selic, há um efeito em todas as linhas de crédito. "É uma taxa de partida, como o governo é o por definição tem o melhor crédito da economia, todas as demais dívidas devem ter um custo maior. Assim, quando o governo aumenta a taxa básica, ele provoca uma reação em cadeia, um efeito dominó, fazendo com que todas as demais taxas fiquem mais caras", explica ele.
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Segundo o diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, há um efeito direto no aumento da taxa básica de juros. "Todas as taxas de juros vão subir. O efeito de aumento de 1% significa que os juros ao consumidor vão subir 0,08%. Isso quer dizer que, por exemplo, uma taxa de empréstimo de 5% ao mês vai passar para 5,08%. O impacto é direto", explica ele.
Há ainda o efeito indireto com o aumento da Selic, como os problemas de cascata que podem surgir. "Juros mais altos impactam negativamente na atividade econômica. Ela provoca uma redução no crescimento econômico, pode provocar um aumento do endividamento das famílias e no desemprego. Com isso, pode aumentar a inadimplência", explica Miguel.
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Entretanto, o aumento de juros não fica parado nesse 0,08% anunciado na semana passada pelo BC. Como a alta da taxa pode provocar um número maior de pessoas endividadas, os bancos podem querer elevar ainda mais seus juros para conseguir repassar os efeitos gerados por esse cenário de menos dívidas liquidadas.
"As instituições repassam tanto a alta da Selic como os prováveis outros efeitos que a taxa básica de juros pode ter na economia. Com isso, pode acrescentar ainda mais o percentual para os consumidores", afirma Miguel.
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Nesse cenário, para quem tem dívida e quer tentar sair do vermelho, o melhor caminho é renegociar essas dívidas e pesquisar para tentar fazer uma portabilidade de crédito. "Os bancos podem estar disponíveis para tentar manter a mesma taxa para negociar os débitos. Há também a possibilidade de portabilidade. Agora, se eles perceberem que não há previsão de liquidar, eles não vão flexibilizar essa mudança", indica o diretor-executivo da Anefac.
Ao mudar de banco, os consumidores devem avaliar todos os custos e não apenas a taxa nominal de juros, como calcular o Custo Efetivo Total (CET) para saber sobre os valores de seguro, tarifas e o IOF. Dessa forma, eles saberão se vale a pena a migração.
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Como os consumidores devem pagar mais caro pelas suas dívidas, quem tem dívida no cartão de crédito e cheque especial pode ter problemas ainda maiores, já que são as linhas de crédito mais caras. Nesse cenário, a portabilidade também é uma alternativa e buscar linhas mais vantajosas.
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