"Quando a gente junta o biênio 20-21, o Brasil se saiu razoavelmente bem, com uma queda de 4,1%, uma queda bem menor do que a média, uma recuperação, eu diria, perto da média em 2021", disse Campos NetoMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Brasil foi 'razoavelmente bem' nos dois últimos anos, diz presidente do BC
Em evento da Febraban, Campos Neto também afirmou que parte do problema global de inflação se deve à avaliação feita mundialmente de que a pandemia jogaria os países em uma depressão em 2020
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 30, que o Brasil se saiu "razoavelmente bem" no biênio 2020-2021. Em evento organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Campos Neto destacou que a grande parte dos pares emergentes já está próxima do nível pré-pandemia.
"Quando a gente junta o biênio 20-21, o Brasil se saiu razoavelmente bem, com uma queda de 4,1%, uma queda bem menor do que a média, uma recuperação, eu diria, perto da média em 2021. E, quando a gente olha 2022, começa a ver as condições estruturais de crescimento no pós-pandemia, o Brasil volta a ficar atrás e têm tido algumas revisões para baixo", ponderou Campos Neto.
Durante o evento da Febraban, o presidente do BC afirmou que a baixa da taxa básica de juros, a Selic, para 2% ao ano em 2020 se justificava diante das incertezas do cenário macroeconômico naquele momento. "Iniciamos um processo de alta (de juros), até surpreendemos em algumas reuniões. Eu acho que é importante a gente entender que em 2020, a gente não sabia o que iria acontecer", disse ele durante a apresentação. "Fizemos um ajuste, colocamos muito dinheiro em circulação, e agora fizemos um novo ajuste (de alta de juros)", afirmou ele, que não fez sinalizações sobre futuros ajustes na Selic.
No comunicado da última reunião, o Copom sinalizou que pode elevar em mais 1,5 ponto porcentual a taxa básica de juros na última reunião de 2021. Hoje, a Selic está em 7,75% ao ano.
Inflação
O presidente do Banco Central afirmou ainda que, embora a inflação do Brasil seja a segunda maior entre países emergentes, os núcleos, excluindo alimentos e energia, no país estão em linha com os pares.
Segundo Campos Neto, a inflação de energia é um tema particular no país, que foi impactado pelo aumento dos preços de commodities em meio a um processo de desvalorização cambial. O recente aumento dos preços de serviços no Brasil era esperado, na esteira da reabertura da economia, segundo o presidente do BC
Para Campos Neto, parte do problema global da inflação se deve à avaliação feita mundialmente de que a pandemia jogaria os países em uma depressão em 2020. A resposta adotada globalmente, com fortes transferências de renda e estímulo monetário, fez com que essa depressão fosse convertida em uma recessão, disse.
Com o estímulo fiscal, a demanda por bens não foi reduzida pelo aumento da demanda por serviços com a reabertura da economia, disse Campos Neto.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.