Especialistas indicam que é necessário colocar todas as dívidas no papel para depois tentar renegociar Reprodução

Faltam poucos dias para o fim do ano e até lá os consumidores tentam se ajeitar financeiramente para não entrar o ano no vermelho. Isso porque no início do ano já existem débitos programados como IPVA, IPTU e, para quem tem filhos, pré-matrícula escolar. A situação fica ainda mais crítica quando se vê a taxa de inadimplência no país. De acordo com o "Mapa da inadimplência e renegociação de dívidas no Brasil", levantamento mensal feito pela Serasa, o número de brasileiros endividados chegou a 63,4 milhões em outubro. Pensando nisso, algumas escolhas do dia a dia podem ajudar os consumidores a sair do vermelho e tentar começar o ano sem o nome sujo. 
O especialista em administração e professor da Faculdade Anhanguera, Edmundo Lopes, explica que, primeiramente, os consumidores devem anotar suas dívidas.
"Nessa hora, não se pode deixar nenhuma conta de lado. Os consumidores precisam conhecer e entender quais são as dívidas. É ideal fazer uma planilha, mesmo que seja em uma folha de papel, e anotar o valor atualizado de cada dívida, quantas parcelas estão em atraso e quantas ainda restam", indica.
Depois, os consumidores precisam ir atrás dos credores para tentar renegociar essas dívidas. Neste fim de ano, há campanhas, feirões para sair do vermelho, como o Feirão Limpa Nome da Serasa, Caixa Econômica e Banco do Brasil estão oferecendo possibilidades para liquidar os créditos. 
"Os consumidores devem entrar em contato com os credores e negociar um acordo. É preciso ver quanto do orçamento pode ser disponibilizado para o pagamento dos débitos por mês, ou se tem alguma quantia máxima para quitar o débito à vista. É importante não aceitar a primeira oferta que enviarem, isso aumenta as chances de conseguir algo melhor", orienta Lopes.
Outra possibilidade é trocar dívidas de juros altos por mais baixo. O especialista em administração orienta verificar se as pessoas possuem crédito no Banco do tipo Crédito Direto ao Consumidor (CDC) ou crédito consignado, caso trabalhe de carteira assinada, que costuma ter juros menores.
"Desta forma, se tiver dívidas de juros altos, como cheque especial ou cartão de crédito, os consumidores podem pegar um empréstimo de juros mais baixos (CDC ou consignado) para quitar as dívidas de juros mais altos. No final das contas, irá economizar pagando menos juros", explica Lopes. 
O economista Fernando Cortezi lembra que, nesse momento de crise por conta da pandemia da Covid-19, a população tem sofrido ainda mais com dívidas, e tido que escolher entre pagar suas dívidas ou por comida na mesa. Com demissões em massa, redução de salários e o fechamento dos pequenos negócios, tem sido cada vez mais difícil conseguir concluir as duas "missões".
"Estamos vivendo um momento em que a atividade econômica está se reduzindo e a inflação aumentando. Então, com esse aumento da inflação, temos a diminuição da renda disponível do trabalhador e também desencadeia para o desemprego. Esse cenário ajuda a formar um cenário de aperto. Muitos não se prepararam para isso e entraram em uma situação de inadimplência", afirma Cortezi. 
Mas o economista também vê a necessidade da população em aprender a lidar com suas finanças para que os índices de endividamento no Brasil não sejam tão altos.
"É importante ressaltar que as pessoas precisam aprender a se desenvolver nessa questão de lidar com as suas finanças pessoais. Boa parte da população desconhece as medidas que podem tomar para sair de uma situação difícil como essa. Na minha opinião, a educação financeira é um fator primordial para ajudar a diminuir esses problemas que as famílias estão enfrentando", avalia.
O especialista Lopes concorda e diz que os consumidores têm a tendência de comprar por impulso. A questão do endividamento tem muito a ver com a falta de conhecimento dos consumidores sobre suas próprias finanças. 
"Principalmente nesses novos tempos, onde o marketing se tornou muito atrativo, as pessoas acabam consumindo além do que deveriam. As operadoras de cartão de crédito, entendendo o momento, acabam dando um limite maior do que a renda das pessoas. Infelizmente, isso os faz entrar no novo ano sem ter dinheiro para pagar esse 'débito extra' nas suas contas", explica o professor.
*Estagiário sob supervisão de Marina Cardoso