Peritos do INSS fazem paralisação no Rio de JaneiroFabio Costa

Rio - A paralisação de médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 24 horas trouxe prejuízos para os segurados que precisaram realizar atendimento nesta segunda-feira, 31. Em uma agência da Previdência Social da Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio, longas filas se formaram e beneficiários reclamaram da falta de perícia e por terem feito viagem perdida até o órgão. 
Um desses casos foi Claudinir Rodrigues, 62 anos, que trabalha com colocação de forro de PVC. Ele saiu de Volta Redonda às 3h da manhã para realizar a perícia agendada na capital fluminense, com objetivo da prorrogação do auxílio doença. “Eu liguei três dias para confirmar a consulta e a central confirmou minha perícia. Hoje, quando cheguei, encontrei uma placa informando a greve. Vim de longe para realizar a perícia, e acabei tendo uma despesa de quase R$ 100 só com o deslocamento e não consegui fazer nada. Isso é um absurdo”, disse ele.
Claudinir ainda ressaltou que, além de não ter sido informado da greve, precisou aguardar o seu novo agendamento na chuva. “Além de todo o transtorno, me fizeram esperar desde as 6h da manhã na chuva. Nem mesmo me deixaram entrar”, desabafou. 
O motorista de ambulância Renato Maciel, de 47 anos, morador de Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, disse que havia agendado uma perícia de reavaliação para retornar ao trabalho, e por conta da greve, será impedido de retomar o seu posto. O trabalhador sofreu um acidente no ano passado e foi buscar um laudo técnico para voltar ao trabalho. Esta foi a terceira vez que ele foi até a agência, mas não conseguiu ser atendido. “É desnecessária essa greve! Os servidores estão com o salário em dia, já haviam parado por conta da pandemia e agora por qual motivo?”, indagou.
Maciel continuou e disse: “É uma covardia com o trabalhador essa greve. Ninguém foi avisado sobre a paralisação. Muitas pessoas chegaram aqui de madrugada para garantir um benefício e acaba saindo lesado”, debateu ele.
Perícias

Nesta segunda-feira, estão previstas o agendamento para o atendimento de 25 mil perícias. Atualmente, há  3,2 mil peritos ativos no Brasil, sendo que apenas 2 mil têm agenda aberta diariamente. 
"Os demais estão em outros setores, como 200 em cargos de gestão e 1 mil estão, injustificadamente, sem agenda, sendo beneficiados com atividades remotas, para apoiar a atual gestão", afirmou Francisco Cardoso, vice-presidente da Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP). 
De acordo com Cardoso, essa é uma das reivindicações, que 100% dos peritos voltem a ter agenda presencial diária. "Dos 2 mil com agenda aberta hoje, mais de 90% aderiram ao movimento", disse. 
O INSS informou que será feita a remarcação de todos os atendimentos que não puderam ser realizados nesta segunda-feira. "Reforçamos que não é necessário que o segurado solicite remarcação. A perícia será reagendada pelo próprio INSS para a data mais próxima, sem que haja prejuízos financeiros para o segurado", afirmou, em nota.

O segurado pode confirmar a nova data e horário da sua perícia pelo telefone 135 ou pelo Meu INSS (site ou aplicativo).
Paralisação 
Os médicos peritos do INSS anunciaram na semana passada que iriam cruzar os braços na mobilização chamada de Dia Nacional de Advertência pela Valorização da Perícia Médica Federal. A ANMP reivindica recomposição salarial de 19,99%, como outras categorias de servidores federais que pressionam o governo de Jair Bolsonaro (PL). 
Além disso, a categoria pede pela abertura imediata de concurso público para a recomposição dos quadros da carreira, cuja defasagem chega a 3 mil servidores, fim da “teleperícia” e de análises documentais como
o “Docmed”, direito de feriados, pontos facultativos e recessos sem estar atrelado ao agendamento do INSS, readequação das agências da Previdência Social que foram reabertas de modo precipitado e sem as condições sanitárias adequadas, distribuição igualitária de agendamentos entre os peritos
de ambos os turnos (matutino e vespertino), reinstituição do controle centralizado dos agendamentos de todo o país, edição do decreto regulamentador da carreira, entre demais pontos. 
Segundo a categoria, um ofício foi enviado ao ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, no dia 25. No documento, os servidores falaram sobre o movimento, a pauta e pediram urgentemente a abertura de negociações. No entanto, eles ressaltaram que o responsável pela pasta ignorou solenemente os pleitos da categoria e até o momento não respondeu sobre o ofício.