Cartão de crédito tem uma das taxas mais elevadas oferecidasMarcello Casal Jr / Agência Brasil
Com alta da Selic, consumidores devem ficar atentos com dívida
Especialistas alertam para os perigos que giram em torno do reajuste da taxa básica de juros da economia, Selic, que elevou de 9,25% para 10,75% ao ano
Após o Banco Central anunciar nesta quarta-feira, 2, o reajuste de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, Selic, que elevou de 9,25% para 10,75% ao ano, os consumidores com dívidas devem ficar atentos, já que débitos no cheque especial e cartão de crédito ficam maiores. No caso da caderneta de poupança, os investidores deixam também de encontrar um impacto positivo no rendimento a partir do reajuste.
Esse é o oitavo aumento consecutivo da Selic e, segundo o planejador financeiro e especialista em finanças Marlon Glaciano, isso se deve diretamente ao aumento da inflação, que em setembro de 2021 atingiu dois dígitos, chegando a 10,25%.
“A taxa Selic sempre será aumentada enquanto estivermos com a inflação muito elevada, como estamos no momento. O Copom aumenta a Selic, como uma alternativa de conter a inflação, para que a inflação não possa disparar de uma forma exorbitante, perdendo o controle”, afirma.
Com o aumento da taxa básica de juros, os olhos se viram para a caderneta de poupança. Porém, desde que voltou para a "poupança velha", a modalidade de investimento não vale o rendimento. "O aumento da Selic não vai impactar no rendimento das cadernetas de poupança. Desde o fim do ano passado, quando a Selic ultrapassou o percentual de 8,50% ao ano, a remuneração da poupança voltou à regra antiga, deixando de pagar 70% da taxa básica de juros", explica o economista e professor da Fundação Dom Cabral, Gilberto Braga.
No caso da "poupança velha", os rendimentos são sempre calculados com 0,50% ao mês ou 6,17% ao ano, independentemente da taxa de juros que estiver em vigor. Até abril de 2012, os depósitos feitos eram aplicados com a "poupança velha".
"O brasileiro está acostumado em concentrar o dinheiro na caderneta de poupança por ser a forma mais segura de investimento. Mesmo com o aumento, a gente tem uma inflação que não atualiza e nem corrige o dinheiro, continua deixando de ganhar", avalia Felipe Nogueira, especialista em finanças e investimentos.
Por isso, nesse cenário, Glaciano explica que, para quem quer investir, ter um produto de renda fixa, que remunera mais e não gera risco, é algo mais vantajoso. Há opção como as que os bancos oferecem como o CDB ou CDI, os títulos públicos ainda na possibilidade de renda fixa, mas é preciso ficar alerta ao percentual do Imposto de Renda.
Juros altos
Com o aumento da Selic, os consumidores com financiamento de imóveis ou veículos se veem com dificuldades para fechar as contas, já que os juros são reajustados. "Para quem é investidor, é muito legal ter um produto de renda fixa que remunera mais e não oferece riscos. Em contra partida, o dinheiro tem perdido poder de compra. O consumidor vai no mercado e vê a carne cara, óleo caro e, no posto de combustível, a gasolina cara. Também fica muito ruim para quem quer pegar crédito, fazer empréstimos ou financiar algo de valor", avalia Glaciano.
Para o professor da Fundação Dom Cabral, a situação que já era complicada para quem está endividado, mas com a nova taxa da Selic ficou ainda pior. "Para o consumidor comum e para a pessoa endividada, o cheque especial, o cartão de crédito e os empréstimos se tornam mais onerosos. Nesse cenário, para quem já está endividado, fica ainda mais difícil reverter essa situação", disse.
Já para o consumidor que já enfrenta os débitos e quer sair do vermelho, o melhor caminho é renegociar essas dívidas. “O que os inadimplentes podem fazer é tentar pegar um empréstimo com juros mais baratos possível. Dessa forma, eles vão tentar pagar todas as dividas para organizar o seu orçamento, pagando somente a esse banco que foi tomado o empréstimo”, disse Braga.
Como os consumidores devem pagar mais caro pelas dívidas, outra possibilidade é tentar fazer portabilidade entre bancos para encontrar taxas menores nas instituições financeiras. No entanto, antes da migração, é preciso colocar na ponta do lápis se será vantajosa a mudança, já que será cobrado o Custo Efetivo Total (CET), tarifas e o IOF do banco.
*Estagiário sob supervisão de Marina Cardoso
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