O crédito rotativo é dividido em duas modalidades: a regular e a não-regularReprodução

Rio - Na pandemia ficou ainda mais difícil manter as contas em dia. Com os preços inflacionados e a renda reduzida, os consumidores viram na utilização do cartão de crédito o caminho para fazer compras de produtos indispensáveis para o sustento. Com o aumento excessivo da modalidade, os brasileiros passaram a enfrentar um desafio repetitivo com data marcada: o pagamento da fatura do cartão de crédito. Com dificuldades para os valores caberem no orçamento mensal familiar, os consumidores veem a alternativa de entrar no rotativo do cartão. No entanto, a modalidade representa desvantagens e traz riscos. 
De acordo com o Banco Central, a procura desse tipo de empréstimo bateu recorde em 2021 e foi a maior em dez anos. "O cartão de crédito se apresenta como um instrumento de emergência uma vez que a renda média das famílias brasileiras vem diminuindo. Isso é um reflexo direto de um momento de crise econômica e da perda de oportunidades de trabalho", esclarece Gilberto Braga, economista e professor do IBMEC.
Quando o cliente do cartão de crédito não consegue pagar o valor integral da fatura é acionado o serviço de crédito rotativo. Com isso, o saldo devedor é acrescido de juros e o total deve ser quitado na próxima fatura do cartão.
A quitação do rotativo tem limite máximo de um mês desde 2017. Essa regra foi criada com o objetivo de reduzir os juros e evitar o superendividamento. Se o cliente não conseguir efetuar o pagamento da próxima fatura, o saldo devedor é parcelado como se fosse um empréstimo, com taxas de juros própria, que devem ser mais barato que os juros do rotativo.
No contexto de pandemia, o nível de endividamento das famílias brasileiras alcançou o seu maior nível em 11 anos, registrando uma média de 70,9%, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Para evitar uma bola de neve de dívidas, é importante ter sempre um controle de gastos e evitar pagar o valor mínimo do cartão de crédito, pois o saldo restante é transferido para o mês seguinte com altas taxas de juros.
Para evitar o choque no fim do mês, é preciso ter atenção redobrada na organização dos custos. Se mesmo assim houver inviabilidade de quitar a fatura do cartão de crédito, o economista Gilberto reforça que um empréstimo pode ser a melhor opção para evitar o crédito rotativo.
Mas, para isso, é preciso buscar opções com menores taxas de juros como o empréstimo pessoal ou empréstimos com garantia, como refinanciamento de imóvel, refinanciamento de automóvel e empréstimo consignado, por exemplo. 
Se não for possível solicitar um empréstimo para cessar a dívida, o parcelamento da fatura é o mais indicado pois seus juros são menores que o do crédito rotativo, principalmente se você o solicitar antes que a fatura do cartão vença.
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso