TrigoReprodução
Os preços no mercado futuro, em dólares, aumentaram para uma série de commodities desde o dia de início da guerra. Alguns exemplos de altas entre 23 de fevereiro e 8 de março são: trigo (+45,3%); petróleo (+34,3%); paládio (+21,7%); milho (10,3%); açúcar (+4,9%); e alumínio (+4,2%).
O gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, ressalta que a dimensão dos impactos do conflito na economia brasileira depende da duração da guerra.
“Uma duração mais longa poderá ampliar não só os efeitos sobre commodities, mas também os impactos negativos sobre o crescimento da economia mundial, influenciando as exportações brasileiras como um todo”, afirma.
No caso do Brasil, a elevação dos preços das commodities minerais (excluindo petróleo) e agrícolas devem ter efeitos mais imediatos sobre a inflação. A alta do petróleo impacta não apenas nos preços de combustíveis (gasolina e diesel), mas, também, em produtos petroquímicos, como plásticos e embalagens.
Devido à situação econômica do Brasil, a indústria não deve conseguir repassar integralmente essa alta de em um primeiro momento, o que pode afetar a saúde financeira das empresas, na avaliação de Mário Sérgio. “Há um desemprego elevado no mercado interno que dificulta o repasse de preços na mesma proporção do aumento de custo. Com isso, pode haver uma redução da margem de lucro das empresas ainda afetadas pela crise, o que aumenta o risco de falências e de dificuldades em negociar dívidas”, afirma.
Cadeias globais de insumos
O descompasso das cadeias globais deverá repercutir no longo prazo, de acordo com o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca.
“Quando você reabre os fluxos de suprimentos, a reorganização da logística de transportes ocorre aos poucos. Vai haver um impacto de mais longo prazo nesse sentido, até os mercados se regularizarem e essa desorganização é transmitida via preço. A redução desses preços vai acontecer à medida que os fornecedores consigam entrar novamente no ritmo de produção e distribuição para os compradores”, afirma.
Comércio Brasil
Dentre os principais produtos que o Brasil importa da Rússia, destacam-se: produtos químicos (principalmente fertilizantes); óleos leves de petróleo; carvão mineral (hulha betuminosa e hulha antracita); e metalurgia (alumínio e paládio). “Como o Brasil importa principalmente fertilizantes agrícolas, o acesso mais restrito a esses insumos poderá impactar as próximas safras”, avalia Renato da Fonseca.
Do lado das exportações, as vendas brasileiras para Rússia são concentradas em: produtos agrícolas (soja, café), da indústria alimentícia (carne, açúcar), máquinas e equipamentos agrícolas e metalurgia (ferronióbio), de modo que os exportadores possivelmente precisarão realocar essas vendas.
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