Inquilinos devem negociar preço do aluguel após aumento, recomendam especialistasFreepik

São Paulo - Após os valores dos aluguéis voltarem a subir em quatro das principais capitais brasileiras, segundo o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), especialistas em finanças pessoais acreditam que a única maneira do reajuste não pesar no bolso do inquilino é através de uma negociação com o dono do imóvel.
De acordo com o levantamento, os valores dos aluguéis nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre subiram 0,81% em março deste ano. Com isso, o Ivar acumula inflação de 6,24% em 12 meses, o maior patamar desde o início da série histórica, em janeiro de 2019.
"A única alternativa que o locatário vai ter é tentar negociar. [Negociar] ou com outro indicador de inflação ou tentar fazer uma negociação desatrelada de taxas em que ambas as partes cheguem a um ponto comum", opina a especialista em finanças pessoais e coordenadora do MBA em Finanças Corporativas da PUC-Rio, Graziela Fortunato.
Outro ponto destacado por Fortunato é a dificuldade que os proprietários terão para aplicar o reajuste devido a alta da inflação, que impacta no aumento do custo de outras categorias como alimentação, transporte, energia elétrica, entre outros. "Os proprietários terão dificuldade em aplicar esse reajuste por que as pessoas no geral não estão sofrendo somente com reajuste de aluguel. Agora a preocupação é maior com o aumento do preço em geral de produtos e serviços", pontua.
Já o advogado e professor especializado em Direito Imobiliário, Diego Amaral, credita o agravamento do aumento dos aluguéis a pandemia. Além disso, de acordo com ele, o momento atual pode ser considerado bom para os proprietários aplicarem reajustes, pois "não estamos mais com as atividades comerciais interrompidas por decretos governamentais".
Entretanto, ele pede bom senso por parte do proprietário, aconselhando que se avalie caso a caso. "É importante entender a relação pessoal de cada contrato porque, às vezes, não vale a pena praticar um aumento que vai impactar na perda daquele locatário, pois ele não vai ter condições de manter o contrato ativo e o imóvel ficará vazio", alerta. 
Por fim, Amaral aconselha que o inquilino pesquise bastante antes de fechar ou renovar um contrato para assim encontrar um valor que mais se adeque ao seu poder aquisitivo. "Da mesma forma que está tendo um aumento natural e gradativo dos contratos de locações, também há um crescimento do volume de imóveis a serem alugados", diz.