Tecnologia lançada em 2020 está perto de alcançar R$ 1 tri em transaçõesMarcello Casal Jr/Agência Brasil

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vai iniciar neste mês os testes da versão americana do Pix, o FedNow. O sistema promete revolucionar a forma como se envia e recebe dinheiro na maior economia do mundo. No Brasil, o Pix "original", está próximo de bater a marca recorde de R$ 1 trilhão em transações realizadas em um único mês, e caminha para replicar sua experiência em outros países, como Colômbia e Canadá.
A expectativa do Fed é de lançar o sistema entre maio e julho de 2023. Nesta reta final de desenvolvimento, o projeto-piloto do FedNow vai começar a fase de testes técnicos, com a participação de mais de 120 instituições. Ao mesmo tempo, o Fed já começa a envolver outras instituições interessadas na nova solução, mas que ficaram de fora do projeto-piloto.

A promessa do BC americano é de que o FedNow esteja disponível a instituições financeiras de todos os tamanhos nos EUA. O objetivo é conectar empresas e famílias americanas, facilitando os pagamentos em uma economia onde o cheque - que no Brasil praticamente desapareceu do dia a dia - ainda é presença frequente. "Juntamente com os nossos parceiros, estaremos prontos para lançar o FedNow entre maio e julho de 2023", afirmou a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, em evento recente sobre pagamentos instantâneos.

Segundo ela, o FedNow deve transformar a forma como os pagamentos são feitos na maior economia do mundo, proporcionando "ganhos substanciais" para famílias e empresas por meio de transferências de dinheiro instantâneas. Assim como o Pix, a nova ferramenta vai funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana.

"A disponibilidade imediata de dinheiro pode ser especialmente importante para famílias que administram suas finanças de salário em salário ou pequenas empresas com restrições de fluxo de caixa", disse Lael.

A autoridade monetária dos EUA ainda não revelou as expectativas para o FedNow. Segundo Lael, o número de empresas e famílias americanas que vão usar o "Pix americano" vai depender da quantidade de provedores de serviços financeiros que aderirem à nova infraestrutura de pagamentos da autarquia.

América Latina
Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, os primeiros passos internacionais do Pix podem ocorrer dentro da América Latina. A Colômbia já demonstrou interesse em replicar a experiência brasileira. "Estamos fazendo uma parte internacional do Pix. Eu tenho conversado bastante com o banqueiro central da Colômbia (Leonardo Villar). Ele me diz que querem fazer igual", afirmou ele, em evento no mês passado, mencionando ainda o interesse do Canadá.

Para Campos Neto, a atração de outros países se dá pelo baixo custo: "O Pix é muito barato, custou R$ 5 milhões para o Banco Central".
No Brasil, o Pix é operado por mais de 770 instituições, de acordo com o Banco Central. Por conta da facilidade de mandar e receber dinheiro, e também pelo fato de não ter taxas, a adesão dos brasileiros ao novo sistema foi uma explosão. A quantidade de chaves do Pix, mais de 478 milhões, é o dobro da quantidade de habitantes no País, de 212,7 milhões, conforme estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o total de usuários soma mais de 131,8 milhões, sendo 122 milhões de pessoas físicas.

A medida - que começou a ser gerada ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, como parte de uma agenda para aprimorar as ferramentas do BC - foi elogiada por instituições como o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), uma espécie de banco central dos bancos centrais. A organização ressaltou "os menores custos e maior inclusão financeira" com a ferramenta, e destacou que ela despertou o interesse de outros países.