FMI aponta a guerra na Ucrânia, a inflação do custo de vida global e a desaceleração na China são três tópicos que influenciam a recessãoReprodução Internet
FMI alerta para recessão na Europa após queda na projeção do PIB mundial
'Mais de um terço da economia global vai se contrair em 2023', diz trecho do relatório da instituição
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou as projeções para a economia mundial em 2023 e passou a prever recessão na Alemanha e na Itália, além da Rússia. O organismo espera que o Produto Interno Bruto (PIB) global cresça 2,7% no próximo ano, de acordo com o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 11, em paralelo às suas reuniões anuais, que acontecem em Washington DC. A estimativa anterior era de avanço de 2,9%. Para 2022, o Fundo manteve a expectativa de expansão de 3,2%.
O pior para a economia mundial ainda está por vir, alertou o Fundo. "Mais de um terço da economia global vai se contrair em 2023, enquanto as três maiores economias - Estados Unidos, União Europeia e China - vão continuar estagnadas", afirmou, acrescentando: "para muitas pessoas, 2023 parecerá uma recessão"
De acordo com o organismo, a economia global continua a enfrentar "grandes desafios". Pesam, sobretudo, efeitos persistentes de "três forças poderosas": a invasão russa à Ucrânia; uma crise de custo de vida causada por pressões inflacionárias persistentes e crescentes; e a desaceleração na China. "Os riscos negativos para as perspectivas permanecem elevados", disse o FMI.
A piora nas projeções do organismo para o PIB mundial no próximo ano se deu, principalmente, a previsões mais sombrias para a zona do euro, o Reino Unido e a China. Para 2023, o FMI vê o PIB do bloco da moeda única desacelerando à uma expansão de 0,5%, ante alta de 1,2% antes projetada. Já para este ano, o Fundo espera que a região cresça 3,1%, 0,5 ponto porcentual a mais do que sua projeção anterior, publicada em julho.
"O fraco crescimento de 2023 em toda a Europa reflete os efeitos colaterais da guerra na Ucrânia, com revisões em baixa especialmente acentuadas para as economias mais expostas aos cortes no fornecimento de gás russo e condições financeiras mais apertadas", disse o FMI.
Dentre suas projeções mais pessimistas, o FMI espera que a Alemanha e a Itália enfrentem uma recessão em 2023. São as únicas economias, até o momento, que devem passar por um período de contração no próximo ano, além da Rússia, cujas estimativas foram suavizadas e apontam para uma queda de 3,4% em 2022 e de 2,3% no futuro exercício.
O Reino Unido também terá um cenário mais desafiador à frente, mas o Fundo ainda vê crescimento de 0,3% em 2023, contra uma expansão anterior de 0,5%, conforme sua projeção divulgada em julho. Para 2022, na contramão, o organismo melhorou seu número e vê aumento de 3,6%, ante alta projetada anteriormente de 3,2%
Já no caso da China, o FMI cortou as projeções de ambos os anos. Para 2022, o Fundo prevê crescimento de 3,2%, 0,1 p.p. abaixo frente à estimativa anterior, enquanto para 2023 espera avanço de 4,4%, 0,2 p.p. menor. Caso se confirme, 2022 representará "o menor crescimento (da China) em mais de quatro décadas, excluindo a crise inicial da covid-19 em 2020", atenta o Fundo.
Na segunda-feira, a presidente do FMI reforçou projeções céticas para o mundo na esteira das crises em curso e o aperto monetário para conter o salto da inflação. Segundo ela, o mundo deve ter uma perda de produtividade de US$ 4 trilhões até 2026. "É o tamanho da Alemanha", comparou, acrescentando que, se os bancos centrais apertarem demais as condições financeiras, "os temores de recessão se materializarão em grande escala".
O FMI espera que a inflação global atinja o pico no final de 2022. Os preços devem permanecer elevados por mais tempo que o esperado anteriormente, alerta o Fundo, diminuindo para 4,1% até 2024. Nesse contexto, o organismo faz um alerta ainda à atuação dos bancos centrais, citando riscos de aperto ora "insuficiente", ora "excessivo". Na visão do Fundo, à medida que "nuvens de tempestade se acumulam", os formuladores de políticas precisam manter a "mão firme".
"O risco de desajuste da política monetária, fiscal ou financeira aumentou acentuadamente em um momento em que a economia mundial permanece historicamente frágil e os mercados financeiros estão mostrando sinais de estresse", acrescenta o FMI, em relatório.
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