CREAS Janete Clair, no Méier, bairro da Zona Norte, amanheceu com filas nesta terçaa-feira (18), primeiro dia de atendimento emergencial para cadastramento no CadÚnicoReginaldo Pimenta / Agência O Dia
No CREAS Janete Clair, localizado no bairro do Méier, na Zona Norte, diversas pessoas que estavam na fila relataram terem sido encaminhadas de outros polos de cadastramento, depois que as tentativas de conseguirem atendimento foram negadas devido ao limite de senhas. Mesmo com a negativa e a necessidade de se deslocar até outro centro, os beneficiários que estavam no local se mostraram confiantes em conseguir efetuar o cadastro.
Há três meses tentando, a vendedora Karla Luciana, de 47 anos, que atualmente está desempregada, enfrentou as filas pela oitava vez e falou sobre as dificuldades que enfrenta para conseguir se inscrever nos programas de auxílio do governo. "Estou tentando há três meses e não consegui até agora. Moro em Pilares e já tentei ir no Cras de lá oito vezes. Tenho duas crianças, uma de dois anos e não tenho como deixa-las sozinhas, não tenho tempo para ficar na fila e fazer o cadastro. Eles não pensam nisso, que você pode não ter com quem deixar os filhos", desabafou.
A moradora de Pilares, na Zona Norte, também se disse insatisfeita com o atendimento e a falta de informações nos polos, mas apesar dos problemas, Karla contou que está confiante em conseguir efetuar seu cadastro hoje. "É muito humilhante, eu não queria estar dependendo disso, queria estar trabalhando. É chato você precisar disso e eles ficarem te jogando de um lado para o outro. Agora, pelo menos, colocaram meu nome numa lista e falaram que vão chamar por ordem, acho que agora eu vou conseguir", disse Karla.
Tentando atualizar os dados cadastrais há duas semanas, a diarista Fernanda Coelho Jesus, de 37, moradora de Inhaúma, na Zona Norte, também reclamou da falta de atendimento e informações. "Antes eu estava indo ao Cras do Morro do Urubu. O atendimento lá é horrível, eles não tem vontade de atender. Fui na quinta feira, cheguei às 11h e me disseram que não atendiam mais. Só tem uma pessoa para atender lá. Também não me explicaram a questão das senhas", relatou.
"É muito chato porque como eu não tenho emprego fixo. Para a pessoa que trabalha com diária, é muito complicado. Preciso deixar de trabalhar para vir aqui, é um prejuízo para mim. Vir aqui várias vezes é impossível, não posso ficar sem trabalhar. Acho que hoje eu vou conseguir, colocaram meu nome em uma lista e disseram que vão me chamar”, contou Fernanda.
Simone Pereira de Araújo, de 50, que mora em Pilares, na Zona Norte, explicou que chegou por volta das 9h e, segundo ela, a expectativa era de conseguir realizar o cadastro ainda hoje. Ela trabalhava como vendedora, mas atualmente está desempregada e luta contra um câncer no colo do útero desde o ano passado. "Estou confiante, hoje sai, se Deus quiser", falou.
"Já tentei cinco vezes, estou há mais de um mês tentando. Eu já tinha desistido, ficava na fila e nunca conseguia. Um sentimento de impotência, eu que preciso, não consegui. Nunca recebi auxílio, mesmo com meu filho estudando em escola pública, porque eu trabalhava e conseguia manter nossa casa, mesmo sem ajuda do pai que não paga a pensão. Deixava para quem precisava mais. Agora eu realmente preciso, estou desempregada e faço tratamento contra um câncer no colo do útero pelo SUS, desde o ano passado", lamentou.
"A situação econômica é muito grave, as pessoas estão com enormes dificuldades. Então, os nossos funcionários farão esforços extraordinários para atender essas famílias", explicou a secretária municipal de Assistência Social, Maria Domingas Pucú.
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