Roberto Campos Neto deve ser convidado a comparecer ao Congresso para explicar por que a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75%Marcelo Camargo/Agência Brasil
Comissão do Senado vota na terça-feira convite para ouvir Campos Neto
Possível convocação do presidente do Banco Central tem como motivação a explicação sobre critérios da taxa básica de juros, a Selic
Brasília - A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado votará na terça-feira, 14, um requerimento para que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, seja convidado a comparecer ao Congresso para explicar por que a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% ao ano. O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que preside o colegiado, espera que o convite seja aprovado.
A ida de Campos Neto ao Senado foi acertada em 15 de fevereiro, durante um jantar entre Vanderlan e o chefe da autoridade monetária. A expectativa era de que o presidente do BC fosse ouvido no Congresso no começo de março, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nos dias 21 e 22. No entanto, houve um atraso na instalação das comissões no Senado, que só passaram a funcionar nesta semana.
O encontro entre Campos Neto e o senador ocorreu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificar as críticas à condução da política monetária, com o argumento de que o atual nível da Selic restringe o crescimento econômico. O BC, por outro lado, argumenta que a manutenção dos juros é necessária para controlar a inflação diante das incertezas sobre o cenário das contas públicas no País.
Em entrevista à CNN Brasil, neste sábado, 11, Vanderlan defendeu que é preciso encontrar, por meio do diálogo, um consenso sobre a forma de reduzir os juros. Ele afirmou, por outro lado, que declarações de autoridades "prejudicaram bastante" a discussão, numa referência velada a Lula e a integrantes da base aliada do governo no Congresso.
"[O ministro da Fazenda, Fernando] Haddad tem razão quando diz que muitas empresas, não somente no agro, mas na indústria, no comércio, na área de serviços, contrataram empréstimos a juros bem mais baixos que o que está aí hoje", afirmou o senador, na entrevista.
"Então, [a taxa de juros] subiu bastante. Muitas empresas estão com essas dificuldades de honrar esses compromissos. Aumentou muito os pedidos de falência. Então, precisamos achar, por consenso, uma maneira de que esses juros sejam reduzidos", emendou Vanderlan.
Em 16 de fevereiro, um dia após o jantar com Campos Neto, o senador disse ao Estadão/Broadcast que a autonomia do BC é "ponto sacramentado" e que o encontro havia sido uma forma de demonstrar apoio do Senado ao chefe da autoridade monetária. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se pronunciaram em defesa da autonomia do Banco Central, aprovada pelo Congresso em 2021.
Naquela semana, o PT havia lançado na Câmara uma frente parlamentar "contra juros abusivos". O ato político, coordenado pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), contou com a presença da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e teve críticas à atuação do BC.
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