Empresa suíça administra ainda mais capital de ultrarricos ao redor do mundoFreepik
Se nos Estados Unidos a atual turbulência bancária reacendeu os medos de 2008, do outro lado do Atlântico a história mudou. Na crise anterior, foi o UBS que precisou ser socorrido com dinheiro do governo suíço, enquanto o Credit enfrentou relativamente bem o tsunami dos mercados. De lá para cá, o banco reduziu seu tamanho à metade. Em 2008, seus ativos somavam US$ 1,3 trilhão. Seu rival também era maior, com US$ 2,2 trilhões.
A última crise foi a gota d’água e fez as autoridades suíças agirem para evitar que as incertezas se espalhassem pelo sistema, que por anos foi visto como o mais seguro do mundo. A questão da concorrência, sempre levada em consideração em transações de fusões e aquisições, em especial quando envolve bancos, foi deixada em segundo plano.
Na Suíça, o setor bancário emprega 5% da força de trabalho, e o total de ativos do sistema somava US$ 3,83 trilhões ao fim de 2022, nada menos do que 448% do PIB do país. Só a combinação do UBS e do Credit responde por mais de 200% do PIB suíço, um alerta para a forte concentração que marcará agora o sistema bancário local. "Vemos muito risco de concentração e também de controle de participação do mercado", escreveram os analistas do JPMorgan.
A agência de classificação de risco Moody’s também alertou para o maior risco bancário na Suíça. O tamanho do banco resultante significa que o sistema enfrenta riscos de concentração ainda maiores, o que levou a agência a aumentar a avaliação do risco do setor bancário do país. Só os depósitos dos dois bancos respondem por quase metade (45%) do PIB suíço, um número elevado mesmo para países desenvolvidos.
"Um fato contundente permanece quando você se afasta de todos os detalhes do acordo do Credit Suisse e UBS. O segundo maior banco da Suíça - um banco que abriu suas portas para negócios em 1856 e foi um dos 30 bancos sistemicamente importantes em todo o mundo - não existirá mais como autônomo", avaliou o economista e principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, na esteira do anúncio.
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