Lula se reuniu no início de março com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, e embarca para o país asiático em abrilJosé Cruz/Agência Brasil
Brasil e China 'driblam' o dólar e selam acordo para negociar em moeda local
Maior parceiro comercial brasileiro, gigante asiático quer reduzir a dependência de países emergentes do dólar americano
Brasília - O governo federal anunciou, nesta quarta-feira, 29, um acordo com a China para a realização de transações do comércio bilateral em suas próprias moedas, sem a necessidade do dólar, informou a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), após um fórum econômico realizado em Pequim.
O sistema permite que as operações de comércio exterior ou financiamento entre os países sejam realizadas por meio da conversão de reais em iuanes e vice-versa, substituindo o dólar tradicionalmente usado nas transações internacionais.
"A expectativa é reduzir custos, fomentar ainda mais o comércio bilateral e facilitar os investimentos" no Brasil, explicou a ApexBrasil, em comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. O comércio bilateral foi de US$ 150,5 bilhões, cerca de R$ 780 bilhões, em 2022, um recorde, com US$ 89,7 bilhões, R$ 467 bilhões, aproximadamente, em exportações brasileiras. Após adiar a viagem ao país asiático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se recupera de um quadro de pneumonia, deve embarcar no dia 11 de abril para a importante missão diplomática, fundamental para a área econômica.
Durante a missão das autoridades econômicas do Brasil à China, foram designados os dois bancos que tornarão essas operações possíveis: o Bank of Communications BBM e o Banco Industrial e Comercial da China.
Por meio destas duas instituições, os exportadores dos dois lados irão receber em sua moeda os pagamentos realizados na moeda do país de origem, um passo que permite concretizar um princípio de acordo selado no fim de janeiro, lembrou no fórum de Pequim a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda brasileiro, Tatiana Rosito, citada pela imprensa.
A exclusão da moeda intermediária será opcional para as empresas. A medida se dá em um cenário de influência crescente da economia chinesa e de internacionalização do iuane, destacou Tatiana, segundo o portal 'UOL'.
A China, que disputa a hegemonia econômica com os Estados Unidos e busca reduzir a dependência do dólar, fechou acordos semelhantes com Rússia e Argentina, entre outros.
A missão na China, da qual participam cerca de 250 empresários, fazia parte da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cancelada no último domingo.
O Brasil também é o principal destino dos investimentos chineses na América Latina (48%), com US$ 70,3 bilhões entre 2007 e 2020, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China.
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