Ministro da Fazenda, Fernando HaddadAntonio Cruz/Agência Brasil
O ministro irá propor uma regra "mais estável", que não varie de acordo com a orientação de cada governo, seja ele conservador ou progressista. "Até o final do ano queremos uma rediscussão sobre isso. Queremos evitar isso que é recorrente: os governos progressistas revogam as desvinculações, os governos conservadores reintroduzem (regras que desobrigam o governo a gastar com certas rubricas do Orçamento, como em saúde ou educação)", disse.
O ministro ainda afirmou que a prioridade do momento é a reforma tributária e que a nova regra para gastos obrigatórios só será discutida após a aprovação do texto. Haddad adiantou também que irá fazer uma revisão nas desonerações.
Perguntado sobre a resistência de alguns setores com uma possível elevação da carga tributária, Haddad rebateu: "O que eles vão ganhar de redução de taxa de juros é muito mais importante do que eles vão passar a pagar devidamente. Eles não estão entendendo o equilíbrio macroeconômico que nós estamos perseguindo".
"Se, quem não paga imposto, passar a pagar, todos nós vamos pagar menos juros e a economia vai crescer. Para o bem comum. Enquanto setores privilegiados continuarem a fazer o que estão fazendo, lobby no Congresso, lobby no Judiciário, lobby para erodir a base fiscal do Estado... (vamos ter isso) cinco BNDES no Orçamento da União", completou o ministro.
Novo arcabouço fiscal
Como anunciou Haddad, os gastos da União se limitarão a 70% do crescimento da receita. Com isso, o Orçamento volta a ter aumento real, ou seja, acima da inflação. No entanto, caso a arrecadação não seja suficiente para atingir a meta de superávit, esse percentual cai para 50% no ano seguinte e 30% no posterior.
Com isso, o crescimento mínimo da despesa federal será de 0,6% por ano (em termos reais, além da inflação) e no máximo de 2,5% (crescimento limitado, ao ano, a 70% do crescimento da receita).
Perguntado sobre o piso, o ministro defendeu que as metas são factíveis com o potencial de crescimento da economia brasileira.
"O aumento do gasto durante o teto de gastos foi de 0,6% ao ano. Mesmo com a medida mais dura já tomada na história mundial, que foi o teto de gastos, a despesa cresceu 0,6%. Nos sete anos de governos ultraneoliberais, a despesa cresceu 0,6% (ao ano)", disse.
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