Ministro da Fazenda, Fernado HaddadValter Campanato/Agência Brasil
"Uma das tarefas que Lula pretende deixar é que os bancos multilaterais dos quais o Brasil faz parte possam servir de catalisadores desse processo de alternativa às moedas tradicionais, como euro e dólar, que respondem pela maior parte do comércio internacional", afirmou o ministro.
Em entrevista à "GloboNews", Haddad disse que se pode pensar em comércio internacional bilateral com moedas locais com muita tranquilidade e que a vantagem é "escapar da camisa de força de ter comércio fixado em moeda de um país que não faz parte da transação".
O ministro afirmou que não acredita que a declaração de Lula nesta quinta, em Xangai, vá comprometer a relação do Brasil com Washington. "As transações em dólar vão continuar acontecendo, mas em casos específicos, onde os parceiros são muito fortes, pode-se pensar em mecanismos mais condizentes", disse Haddad, citando o crescente comércio entre Brasil e China.
O ministro acrescentou que os EUA sabem que podem contar com o Brasil, que tem planos de reindustrialização tanto com investimentos americanos quanto com chineses. "O Brasil não pode ter preconceito por seu tamanho contra qualquer que seja, a não ser em situações limites."
Haddad ressaltou que o comércio entre países em moeda local é uma "ideia acalentada há muito tempo", desde a Segunda Guerra Mundial. Em um momento como o atual, marcado pela guerra da Ucrânia e outras crises, essa discussão vem a calhar.
Os Brics, sigla que reúne Brasil, Rússia, Índia e China, já respondem por um Produto Interno Bruto (PIB) superior ao do G7, os países mais ricos do mundo, comentou Haddad. Nesse contexto, com o crescimento do Novo Banco de Desenvolvimento, como é chamado oficialmente o banco dos Brics, a instituição pode ter um papel em avançar nas conversas sobre as transações em moeda local.
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