Cotação da moeda caiu progressivamente nos últimos mesesFreepik
Entenda os motivos para a queda da cotação do dólar
Ao contrário das previsões mais pessimistas, valor de conversão da moeda estrangeira vem registrando redução
Muito se discutiu nas últimas eleições sobre quem deveria ser o presidente do Brasil e quais impactos a escolha teria. Os apoiadores de Lula tinham seus argumentos, e os bolsonaristas, os deles. A seguinte frase foi muito dita por aí: "se o Lula vencer, o dólar vai disparar", em sinal de alerta. Meses se passaram e a moeda americana não disparou, mas caiu. Por que isso está aconteceu?
Pouco após a virada do ano, em 4 de janeiro, a cotação do dólar chegou a R$ 5,45. Um mês depois, o preço estava definido em R$ 5,14. No início dos meses de março e abril, a moeda custava R$ 5,20 e R$5,07, respectivamente. Na primeira semana de maio, o valor era de R$ 4,99, e na sexta-feira, 26, chegou aos redondos R$ 5,00.
Antes de entender o motivo que levou à queda, é preciso entender o que causa a variação da moeda de modo geral. A economista Maria David, formada pela Pontificia Universidad Católica de Chile, explica que ''a cotação do dólar responde a vários parâmetros".
"Depende da situação interna da economia brasileira, mas também das condições internacionais. A cotação é uma paridade entre o poder de compra da moeda nacional, o real, e de uma moeda conversível. Portanto, responde ao nível de atividade econômica, à variação dos preços e ao movimento de capitais'', esclarece.
Para a especialista, a queda do dólar se deu porque o Brasil ''tem taxas de juros elevadas e isso estimula a entrada de capitais externos, pois a remuneração fica mais elevada''.
Já o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, acredita que um dos grandes motivos para a queda é a nova proposta orçamentária brasileira, aprovada nesta semana na Câmara dos Deputados, mas que já é comentada há meses.
''A queda do dólar, fundamentalmente, está relacionada ao novo arcabouço fiscal. É uma proposta de disciplina fiscal, que é vista como um compromisso de austeridade com as contas públicas. Isso reduz a sensação de risco dos investidores'', explicou.
Corroborando com a explicação, Maria também citou que uma ''maior estabilidade econômica, sem dúvidas, influência nas expectativas dos investidores''.
A queda é boa ou ruim?
Para Maria, a questão pode ser prejudicial para as exportações, uma vez que muitos produtos vendidos pelo Brasil têm o preço fixado no dólar. No entanto, ela ressalta que os itens importados ficam mais baratos, ''desde o trigo até componentes de bens industriais'', disse. Isso pode representar uma redução no custo final de determinados produtos.
Sobre a chamada 'cotação ideal', Rochlin, por sua vez, disse que ''não existe uma taxa de câmbio ideal". "Existe a taxa de câmbio do dia, aquela que faz com que oferta e demanda se equilibrem'', explica.
Previsão difícil
Maria acredita que ''uma das variáveis mais difíceis de prever é a taxa de câmbio".
"A chamada taxa de câmbio de equilíbrio vai responder a todas as variáveis citadas anteriormente. Vai depender muito do comportamento da taxa de juros nas econômicas desenvolvidas e especialmente nos Estados Unidos e do desempenho destas econômicas, que afetam diretamente os fluxos de capitais para o Brasil'', explica a economista.
Na mesma linha, Mauro indica que não há como fazer qualquer tipo de previsão.
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