O carioca percebeu nos últimos anos a multiplicação do número de farmácias e drogarias. De acordo com o Conselho Regional de Farmácia (CRF-RJ), o ano de 2022 fechou com 7.608 estabelecimentos registrados no Estado. Apenas na cidade do Rio, são mais de 2.500 lojas comercializando medicamentos, segundo dados da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) — média de uma loja para 2.640 habitantes.
O aumento do número desses estabelecimentos pode ser atribuído a diversos motivos, como: crescimento populacional; envelhecimento da população; acesso a programas de saúde pública; além do processo de expansão das grandes redes de farmácias.
O setor farmacêutico vive expansão significativa não só no Rio de Janeiro, mas em todo o país nos últimos anos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o varejo de medicamentos registrou crescimento médio anual de 12,5% entre 2010 e 2019. Segundo a entidade, há atualmente em operação no país cerca de 90 mil farmácias e drogarias.
Segundo Júlio Monteiro, especialista em varejo físico e digital, o e-commerce não enfraqueceu a abertura de novas drogarias, já que os produtos vendidos serem de uso imediato. Na verdade, a internet não representa concorrência, mas funciona como complemento das vendas.
"As drogarias vendem uma variedade de produtos que são necessários no dia a dia das pessoas, como medicamentos, produtos de higiene pessoal e cuidados com a saúde. Muitos desses produtos são de uso imediato e demandam conveniência e rapidez na aquisição. O modelo de compra on-line pode não oferecer a mesma agilidade e praticidade, especialmente em casos de urgência", afirmou.
Para Monteiro, o e-commerce influencia o setor, com muitas redes de drogarias investindo em plataformas digitais para complementar a presença física e atender às necessidades dos consumidores que optam pela conveniência das compras on-line.
Drogaria ou Farmácia
Antigamente, a legislação estabelecia distinção entre farmácias e drogarias baseada principalmente na presença ou ausência da manipulação de fórmulas. Drogarias eram estabelecimentos destinados à venda de medicamentos em suas embalagens originais, enquanto as farmácias eram locais onde também se permitia a manipulação.
Segundo o presidente do CRF-RJ, Camilo Carvalho, a legislação mais recente, a Lei 13.021/2014, adotou um conceito único para ambos, definindo farmácias sem manipulação e drogarias como estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais.
Farmácia Popular
O programa Farmácia Popular foi criado com o objetivo de ampliar o acesso da população a medicamentos essenciais, oferecendo produtos a preços mais acessíveis em estabelecimentos conveniados. Desde então, a iniciativa tem contribuído para a expansão das redes de drogarias no Brasil.
A participação no programa representa uma oportunidade de aumento de demanda e fortalecimento da marca. Com isso, as redes conseguem oferecer medicamentos gratuitos ou com descontos expressivos, o que atrai um número maior de consumidores. As drogarias elevam a base de clientes, o volume de vendas e a presença no mercado.
"O programa Farmácia Popular tem impulsionado a expansão das redes de drogarias ao oferecer descontos em medicamentos e atrair um maior número de clientes. As redes que participam do programa têm a oportunidade de ampliar seu alcance e fortalecer sua presença no mercado farmacêutico, contribuindo para o fenômeno de proliferação das farmácias e drogarias", explica Monteiro.
A consumidora Valéria Maria, de 61 anos, faz uso do programa Farmácia Popular e, por isso se mantém fiel a a uma rede. "Como sou portadora de doença degenerativa, faço uso de muitos medicamentos e consigo a maior parte deles pela Farmácia Popular. Se não fosse o programa, não teria condições de comprar meus remédios todo o mês. Compro sempre na mesma drogaria, onde já tenho cadastro e consigo um bom desconto", conta.
Farmácias de bairro
Na contramão das grandes redes, há as tradicionais as farmácias de bairro, que precisam buscar um diferencial para se manter em um mercado tão competitivo. A comerciante Luana Madeira, proprietária de uma drogaria em Olaria, na Zona da Leopoldina, diz que o atendimento é o que fideliza seus clientes. "Por ser uma farmácia de bairro, conheço meus clientes e atendo eles da melhor forma possível. Eles me conhecem, sabem que sou farmacêutica e isso transmite confiança. Nem sempre conseguimos competir com as grandes redes na questão do preço, mas buscamos colocar o valor o mais próximo possível", explica.
Para Antônio Fonseca, de 78 anos, devido à grande quantidade de remédios que precisa comprar, é difícil ser consumidor de farmácias de bairros, pois elas oferecem descontos menores. "Geralmente procuro as grandes redes. Compro muitos remédios todo o mês, e não sou fiel a nenhuma. Costumo ir em uma ou duas lojas mais conhecidas, para ver qual delas me oferecem melhor desconto naquele mês", diz.
* Matéria da estagiária Júlia Vianna, sob supervisão de Marlucio Luna.
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