Queda nos serviços em abril ante março foi a mais intensa para o mês desde 2020Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Em abril, o volume de serviços prestados no país estava 2,9% abaixo do ápice alcançado em dezembro de 2022. Após atingir patamar recorde no fim do ano passado, o setor de serviços registrou duas taxas negativas e duas positivas em 2023: janeiro (-3,4%), fevereiro (0,8%), março (1,4%) e abril (-1,6%).
"Tem duas taxas negativas em 2023, e duas taxas positivas, sendo que as taxas negativas foram de maior intensidade que as positivas", reconheceu o pesquisador.
A única expansão em abril ante março ocorreu nos serviços prestados às famílias (1,2%). Houve perdas nas demais quatro atividades investigadas, com destaque para o setor de transportes (-4,4%), que devolveu parte do ganho de 7,5% acumulado entre fevereiro e março. Os demais recuos ocorreram nos serviços de informação e comunicação (-1,0%), profissionais, administrativos e complementares (-0,6%) e outros serviços (-1,1%). "Fazia tempo que a gente não tinha uma disseminação de taxas negativas", frisou Lobo.
O volume de serviços recuou em 26 das 27 Unidades da Federação em abril ante março, tendo como impactos mais importantes as perdas de São Paulo (-1,5%) e Rio de Janeiro (-5,5%), seguidas por Santa Catarina (-3,5%), Goiás (-5,6%) e Mato Grosso (-4,2%). O Ceará (1,0%) exerceu a única contribuição positiva do mês.
"De fato, não há como negar que, para o mês de abril, essa queda foi espalhada, tanto em termos setoriais como em termos regionais", disse Lobo.
No entanto, ele pondera que "pela média móvel, o resultado de abril ainda não caracteriza reversão de trajetória" de crescimento. A média móvel trimestral do volume prestado de serviços no País subiu 0,2% no trimestre encerrado em abril, o primeiro resultado positivo de 2023.
"Ainda não é queda vertiginosa (no mês), a média móvel está crescendo 0,2%", frisou. "É perda de fôlego no ritmo de crescimento."
Lobo lembra que os serviços cresceram por dois anos em ritmo forte, recuperando-se do choque inicial da pandemia de Covid-19. Com a base de comparação já suficientemente elevada, fica difícil sustentar o crescimento no mesmo ritmo, e, portanto, os serviços têm "naturalmente perda de fôlego", justificou.
Segundo Lobo, a pesquisa não tem mostrado sinais de impacto da política monetária sobre a atividade de serviços por enquanto, sendo apenas um dos pilares a influenciar a demanda, com prejuízos maiores aos investimentos de longo prazo.
"A taxa de juros já está no patamar de 13% já há algum tempo. Ela não foi impedimento para que os serviços alcançassem nível recorde em dezembro de 2022", notou Lobo.
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