O cashback — 'dinheiro de volta', em inglês — é um programa de fidelização que cresce a cada ano no Brasil. O modelo, no entanto, ainda gera muitas dúvidas na população, que não compreende como é possível receber um percentual do valor da compra após o pagamento de determinado produto.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF), produzidos em parceria com o Instituto Locomotiva, revelam que o percentual de consumidores que se interessa por programas de fidelidade em geral tem aumentado, passando de 75%, em 2019, para 81% em 2022.
Como funciona?
Cashback é um programa de recompensas oferecido por algumas empresas, por meio do qual os consumidores recebem de volta uma porcentagem do valor gasto em compras. A porcentagem pode variar de acordo com o estabelecimento ou com o programa específico.
Na prática, quando o consumidor realiza uma compra participante do programa de cashback, uma parte do valor gasto é creditada de volta na uma conta ou em uma carteira virtual, em forma de crédito. Esse crédito acumulado pode ser utilizado para futuras compras ou, em alguns casos, pode ser resgatado em dinheiro.
O cashback pode ser oferecido por lojas físicas ou on-line, aplicativos de entrega, cartões de crédito e outros serviços. Ele funciona como um incentivo para fidelizar clientes e estimular o consumo, oferecendo uma forma de recompensa pelo valor gasto.
Retorno na casa dos milhares
O aviador e dono da empresa NitFit, do ramo alimentício, Thalles Helmold, de 34 anos, conta que utiliza com frequência plataformas que fornecem o cashback e recomenda que outras pessoas façam o mesmo.
''Há cinco anos busquei e até hoje utilizo essas plataformas, principalmente PicPay, cartão de crédito do banco e Ame, com mais frequência. Outras vão surgindo eventualmente'', relatou. O que impressiona é o retorno que Thalles estima obter nesse tempo.
''Acredito que já recebi em retorno cerca de R$ 5 mil nesses últimos cinco anos com o cashback'', disse.
Sucesso das plataformas
Em entrevista a um canal do Youtube 'O Conselho - Flávio Augusto', Israel Salmen, CEO da Meliuz, uma das maiores empresas de cashback do Brasil, falou sobre o trabalho da empresa.
''Uma plataforma de cashback é o meio, não o fim. Nosso objetivo é gerar mais vendas para os varejistas, principalmente lojas on-line. Quando geramos essas vendas, recebemos uma comissão. Em vez ficar com a comissão toda, a gente a reparte com quem comprou e chama de cashback, que é um dinheiro que fica na conta do usuário'', disse.
Salmen garante que mesmo podendo sacar, muitos usuários da Meliuz mantém o dinheiro no aplicativo para fazer outras compras.
''É uma vantagem que o usuário gosta de receber, quase como achar R$ 50 no bolso da calça. Hoje a plataforma já é como um banco. O usuário costuma deixar o valor lá e fazer as coisas de dentro do próprio aplicativo'', comparou.
Segundo o executivo, o faturamento anual da empresa é de cerca de R$ 400 milhões.
Reforma Tributária pode ter cashback de impostos
O governo federal estuda proposta de devolver imposto que incide sobre a compra de alimentos e produtos da cesta básica para a população, em uma espécie de cashback.
Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse que a proposta está em construção com a prioridade de favorecer as famílias de baixa renda, como as incluídas em programas sociais.
“A ideia do cashback é um sistema de devolução do imposto para os consumidores. Qualquer que seja o desenho do cashback, irá favorecer as famílias de menor renda do que as famílias de maior renda”, disse.
Uma das propostas analisadas, conforme o secretário, é devolver o valor na boca do caixa. O consumidor receberia, por exemplo, um desconto no momento do pagamento do produto.
“Estamos estudando várias experiências internacionais, inclusive com a possibilidade de fazer direto na boca do caixa. Na hora de fazer o pagamento, já teria o cashback”, informou Appy.
De acordo com Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, a proposta de reforma tributária deve ser analisada na primeira semana de julho no plenário da Casa.
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