Gabriel Muricca Galípolo na comissão de Assuntos Econômicos do SenadoLula Marques/ Agência Brasil
"A cada vez que sai a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na (Avenida) Faria Lima (principal centro financeiro do país), se inicia um campeonato mundial de interpretação de texto, sobre o que cada vírgula quer dizer", afirmou ele, lembrando que o BC já está preocupado em aumentar a transparência e clareza da sua comunicação.
Galípolo também disse que não se sente como "preposto" do governo na diretoria do BC. "Realmente, espero que a indicação do presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) e de vocês venha da capacidade técnica para desempenhar o papel e ajudar na interlocução".
Juros
Galípolo disse ainda que o mercado financeiro vê com bons olhos o esforço que foi feito até aqui para que os juros recuem ao longo do tempo. E lembrou que até o início do Plano Real, em 1994, toda a literatura econômica brasileira era basicamente sobre a inflação. "Desde então, a discussão migrou para os juros altos. Não é questão de agora, (o juro) é estruturalmente alto (no país)", disse ele durante a sabatina.
Quanto ao papel das expectativas dos agentes financeiros sobre o nível da Selic, ele comparou essa atuação a um concurso de beleza, dizendo que, se há a intenção de se antecipar o nome do vencedor, é preciso analisar quem seria o candidato ou candidata com maior potencial de ser aprovado pela audiência, sem considerar a opinião pessoal.
Autonomia
Com a lei que estabelece mandatos fixos e não coincidentes para a cúpula do BC, os dois novos escolhidos pelo governo Lula terão de conviver com uma diretoria majoritariamente indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Caso, inclusive, do atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto — alvo frequente de ataques da equipe econômica, que quer a queda da Selic o quanto antes.
Nos bastidores do governo, aliás, Galípolo já é visto como o sucessor de Campos Neto, que deixa a presidência do BC em dezembro do ano que vem. Antes, porém, a expectativa é de que tanto ele quanto Aquino sejam vozes pró-afrouxamento monetário no Comitê de Política Monetária (Copom). Para o governo, a queda da Selic já deveria ter acontecido há algum tempo.
Na última reunião do Copom, a maioria dos seus membros concordou já haver condições para uma queda de juros "parcimoniosa" já a partir de agosto, caso o processo de desaceleração da inflação continue.
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