Documento complementar ao acordo apresentado em março pelo bloco europeu, com exigências ambientais relacionadas ao setor agrícola, gerou ressentimento entre os sul-americanosReprodução
A reunião cúpula de julho em Bruxelas entre os líderes da União Europeia e da América Latina deve, pelo menos, definir "um mapa do caminho" para o acordo comercial entre UE e Mercosul, disse o embaixador da Espanha na França, Victorio Redondo Baldrich, nesta quinta-feira, 6.
"Devemos sair da cúpula pelo menos com um mapa do caminho, com um mandato para negociar algumas etapas durante nossa presidência, ou na próxima", disse o embaixador Baldrich no Senado francês.
A cúpula de 17 e 18 de julho entre os líderes da UE e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) é o primeiro grande evento da presidência espanhola do Conselho da UE, entre julho e dezembro deste ano.
"Se tivéssemos um acordo (durante a cúpula), isto seria magnífico, mas o mais importante é que todos tenhamos consciência da importância deste acordo (...) e de que temos de avançar juntos", acrescentou, ante os senadores.
Redondo Baldrich confirmou que a Espanha quer dar um "impulso definitivo" a este pacto "importante" do ponto de vista econômico e comercial, mas "fundamental" de uma perspectiva "geoestratégico". Ele fez uma advertência contra a possibilidade de deixar o assunto "sem solução".
UE e Mercosul, integrado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, estão tentando fechar um tratado de livre-comércio depois de chegarem a um acordo de princípios em 2019, após mais de duas décadas de duras negociações.
Um documento complementar ao acordo apresentado em março pelo bloco europeu de 27 países, com exigências ambientais relacionadas ao setor agrícola, azedou as negociações, gerando ressentimento entre os sul-americanos.
Esse documento "é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções", disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na terça-feira, 4, durante uma cúpula do Mercosul.
Na França, os agricultores pressionam o presidente Emmanuel Macron a não assinar o acordo, assim como as duas casas do Parlamento, que temem a chegada em massa de produtos do Mercosul.
"Entendemos a posição da França e a preocupação dos agricultores", mas é preciso adotar decisões "com uma perspectiva estratégica", acrescentou o embaixador espanhol.
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