Edmar Bacha colaborou com a candidatura de Simone Tebet na área econômicaIBGE/Reprodução
'Estou ofendido como ex-presidente do IBGE', diz Bacha sobre Pochmann na presidência do órgão
Membro da equipe que elaborou o Plano Real, ele disse que o indicado para comandar o instituto tem 'uma visão ideológica da economia'
Brasília - O economista Edmar Bacha, que presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos 80, engrossou as críticas ao nome de Marcio Pochmann como futuro presidente do órgão. Em entrevista ao Estadão, afirmou que se sente "ofendido".
"Pochmann é um ideólogo. Tem uma visão totalmente ideológica da economia. E não terá problema de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia, como fez no Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada]. Estou ofendido como ex-presidente do IBGE", afirmou Bacha, que também participou da elaboração do Plano Real.
No ano passado, Bacha se aproximou de Simone Tebet e ajudou a então candidata à Presidência a formular o seu plano para a economia. Conhecedor da linha econômica da agora ministra do Planejamento e Orçamento, Bacha se diz inconformado.
"Não entendo como ela pôde ter aceitado [a indicação de Pochmann]. É incompreensível. Espero que ela não assine essa nomeação, pois seria um desrespeito à sua própria autobiografia", afirmou.
Bacha também disse esperar que haja uma reação dos "ibegeanos", se referindo aos funcionários de carreira do órgão. "É uma verdadeira ofensa à estatística brasileira", reforçou. Segundo ele, o temor é de que o IBGE se transforme no Indec, da Argentina, órgão que perdeu a credibilidade por distorções nos indicadores.
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