Petrobras: dividendos pagos no primeiro semestre superam concorrentesFernando Frazão/Agência Brasil
A segunda petroleira que mais pagou dividendos nesse período foi a Exxon Mobil que distribuiu US$ 7,44 bilhões aos acionistas, tendo registrado uma receita no período mais de três vezes superior à da Petrobras (US$ 169,48 bilhões). Os dividendos são a parte do lucro distribuída aos acionistas.
Tal levantamento foi realizado pelo vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Felipe Coutinho. O engenheiro químico diz que a manutenção desse nível de distribuição de dividendos é insustentável e coloca em risco o futuro da companhia.
A distribuição de dividendos da Petrobras no primeiro semestre de 2023 foi feita com base na política anterior da companhia. No dia 28 de julho, a Petrobras anunciou novas regras, que reduziram de 60% para 45% o percentual do fluxo de caixa livre (dinheiro à disposição no caixa) que deve ser repassado aos acionistas.
A pesquisa do vice-presidente da Aepet mostrou ainda que a relação entre investimentos líquidos e dividendos pagos pela Petrobras no segundo trimestre de 2023 foi 10 vezes superior à média das cinco grandes petroleiras analisadas.
Enquanto a estatal brasileira pagou de dividendos um montante mais de cinco vezes superior ao que realizou em investimentos líquidos, a estadunidense Exxon Mobil pagou de dividendos 80% do total dos investimentos realizados. A petroleira inglesa BP foi a que menos pagou dividendos em relação aos investimentos líquidos realizados.
A pesquisa ainda comparou o nível de investimento do segundo trimestre com os últimos 17 anos da Petrobras, concluindo que “os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas”.
Felipe Coutinho diz acreditar que o novo plano estratégico (2023-2027), apresentado pelo presidente da empresa, Jean Paul Prates está com um investimento projetado relativamente baixo, em torno de US$ 78 bilhões (R$ 400 bilhões) em cinco anos.
“É 30% menor, se comparado à média histórica dos investimentos da Petrobras, desde 1965, de cerca de US$ 22 bilhões por ano, e 71% menor, se comparado com o investimento médio anual, entre 2009 e 2014, de US$ 53 bilhões em valores atualizados”, destacou o engenheiro químico.
“Melhorou, mas pouco”
“É um ganho, com certeza, porque o que a Petrobras estava pagando de dividendos era algo totalmente surreal. A Petrobras estava pagando mais dividendos do que tinha de lucro. Nenhuma empresa faz isso, acho que só empresa familiar”, destacou.
Porém, como a mudança ainda é pequena, Dantas entende quea empresa vai precisar alterar a nova política para cumprir planos já anunciados, como a retomada das obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), além do possível investimento para exploração na margem equatorial brasileira ou para novos gasodutos e refinarias.
“Se for levar a cabo de fato as necessidades e o que está prometido de investimento para Petrobras, vai precisar ter uma nova mudança, sim. 45% de dividendos é conservador, é muito pró-mercado”, concluiu Eric, que também é do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps). (https://ibeps.com.br/)
Já Felipe Coutinho diz que a mudança será pequena em relação à política de distribuição de dividendos da gestão anterior. “Não à toa, a política de remuneração dos acionistas foi bem recebida por agentes do sistema financeiro”, argumentou.
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