Banco Mundial projeta expansão de 2% para a América Latina e Caribe Akemi Nitahara/Agência Brasil
Para o Brasil, estima-se crescimento de 2,6% para este ano e de 1,3% para 2024. Já para 2025, a projeção é de expansão de 2,2%. Segundo o relatório, a região realizou reformas macroeconômicas adequadas nas últimas três décadas, que proporcionaram maior resiliência a choques como o da pandemia de covid-19, a incerteza decorrente da guerra na Ucrânia, os baixos preços das matérias-primas e a dívida crescente.
Apesar de a pobreza e o emprego terem retomado, em geral, aos níveis anteriores à crise, e a inflação, excluindo a Argentina e a Venezuela, caído para uma média regional de 4,4%, abaixo dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o cenário global ainda é adverso. Entre o pontos elencados figuram taxas de juros elevadas, baixo crescimento nas economias avançadas, incertezas sobre o crescimento da economia chinesa e restrições fiscais enfrentadas pelo governos locais.
China
A China representava, em 2000, menos de 2% do comércio total da América Latina e Caribe. Em 2022, o percentual cresceu para 17% .
“A menor procura por parte da China afetará a dinâmica do comércio dos países da ALC [América Latina e Caribe], especialmente aqueles que dependem da exportação de matérias-primas. Além da menor procura por exportações, a menor procura mundial de matérias-primas reduzirá o seu preço, resultando em contas correntes mais frágeis e em pressões de desvalorização. Uma vez que várias das empresas que produzem essas matérias-primas são estatais, as receitas fiscais também diminuirão, representando uma ameaça à sustentabilidade fiscal, que já é vulnerável na América Latina e Caribe”, afirma o banco.
Essa situação - juntamente com o fardo persistente do serviço da dívida, resultante das elevadas taxas de juro – restringe espaço fiscal e limita o progresso em termos de redução da dívida: “a razão dívida/PIB (Produto Interno Bruto) diminuiu para 64% do PIB da região, acima dos 67% de há um ano, mas permanece bem acima do nível de 2019 (57%)”, diz o relatório do Banco Mundial.
Efeitos do clima
A estimativa é que o El Niño tenha um impacto potencial de redução de 0,8 ponto percentual no crescimento dos países localizados em áreas tropicais e úmidas, o que pode ser ampliado se for levado em consideração o impacto do fenômeno climático em outros países, o que, através de canais comerciais e preços mundiais, afeta outras nações.
“Alguns países da América Latina e Caribe já começam a observar efeitos do El Niño. Uma seca histórica no Panamá forçou a autoridade do canal a reduzir o volume e o número de navios que atravessam o canal, afetando as exportações e o comércio mundial. De acordo com o Banco Central do Peru, atividades primárias - como a agricultura e a pesca, bem como atividades de processamento associadas - foram afetadas pelo El Niño, levando a uma queda no Índice de Produção Pesqueira de 68,93% (anual) em junho. Às vésperas do El Niño e de condições mais áridas que o normal, a Colômbia aumentou suas importações de gás natural liquefeito (GNL) para manter as operações hidrelétricas.
A partir de agosto, o país já havia importado 60% a mais do que no ano passado, mais que triplicando os níveis de 2021. No Chile, as fortes chuvas associadas ao El Niño levaram o governo a decretar em agosto estado de catástrofe em quatro regiões”, acrescenta o relatório hoje divulgado.
Mais investimentos
A utilização de ferramentas de conectividade pode favorecer a inclusão - por meio de programas governamentais prestados à população - como a telemedicina, educação e projetos de assessoria a pequenos produtores agrícolas em áreas remotas.
“No entanto, a conectividade digital não é uma fórmula mágica para o crescimento e pode exacerbar as desigualdades sociais existentes se não forem feitos investimentos complementares em competências, finanças e sistemas regulatórios para concretizar a promessa das tecnologias digitais para todos”, disse William Maloney, economista-chefe do América Latina e Caribe no Banco Mundial.
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