Aplicação mais utilizada pelo brasileiro continua sendo a poupança, com 26% de preferênciaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

Rio - Para quem quer atingir um objetivo financeiro, investir pode ser um dos melhores caminhos. A 6ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro revela que o número de brasileiros que têm escolhido fazer o dinheiro render aumentou nos últimos anos. De acordo com a pesquisa, o percentual da população que investiu em produtos financeiros passou de 31%, em 2021, para 36% em 2022 – o que equivale a cerca de 60 milhões de brasileiros.
Para começar a investir, diferente do que muitas pessoas acreditam, não é preciso ter muito dinheiro ou ser um expert do setor econômico. Luciano Bravo, especialista em crédito internacional e macroeconomia, explica que aplicar o dinheiro pode ser mais simples do que parece. "Não existe um valor mínimo para investir, e também não há idade certa. O interessante é fazer um planejamento, mesmo que seja com pequenos aportes, e criar o hábito de investir", diz ele.
Para quem nunca fez uma aplicação, o CEO da Agilizza Automação Fiscal, Fabio Baptista, diz que, para começar, o ideal é definir metas e pesquisar. "Um dos primeiros passos para começar a investir é decidir qual valor pode ser investido de forma regular sem comprometer suas despesas mensais", explica. "É necessário definir objetivos claros de curto, médio e longo prazo, como férias, viagem, trocar de carro ou ter uma aposentadoria confortável." Na parte prática, Fabio afirma que é preciso conhecer bem as instituições financeiras do mercado e buscar opções diversificadas de ativos.
A ação que vem se tornando cada vez mais popular também passa pela resistência de muitas pessoas que preferem guardar o dinheiro em casa, em conta corrente ou na caderneta de poupança. Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, cita algumas das maiores dificuldades para começar a investir: "Falta de conhecimento sobre o mercado, insegurança para tomar decisões, o que acaba levando a decisões emocionais que são prejudiciais ao patrimônio, e falta de disciplina em seguir uma metodologia de investimentos", aponta. De acordo com ele, o mercado financeiro é um lugar probabilístico. Assim, o investidor deve buscar estratégias resilientes e ser o mais racional possível com o dinheiro.
Dias também afirma que em tempos de queda de inflação é preciso ficar atento. "Quando a inflação começa a desacelerar e voltar para a meta, isso abre espaço para o Banco Central reduzir as taxas de juros. Neste ambiente, os títulos prefixados são mais beneficiados, enquanto os títulos pós-fixados, que são atrelados à taxa de juros, passam a entregar um rendimento menor. Independente do cenário econômico, o investidor deve estar exposto de forma diversificada em diferentes classes e fatores de risco", diz. Para o especialista em finanças, o maior erro que um investidor não deve cometer é "fazer um investimento de longo prazo para financiar um objetivo de curto prazo".
Onde investir?
A aplicação mais utilizada pelo brasileiro continua sendo a poupança, com 26% de preferência, segundo o Raio X do Investidor Brasileiro. Essa modalidade, apesar de mais conhecida, também é famosa pela baixa rentabilidade que oferece, atualmente de 6,17% ao ano, ou 0,50% ao mês. A poupança conta com isenção do Imposto de Renda, está disponível em qualquer banco e não possui um valor mínimo de investimento.
O Tesouro Direto são títulos públicos negociados pelo governo federal para custear seus investimentos. De acordo com Fabio Baptista, "por serem emitidos pelo próprio governo, o risco é soberano, ou seja, são ativos de extrema segurança." Eles são tributados de acordo com a tabela do Imposto de Renda, e o valor mínimo para investir é de R$ 30. Esses ativos são de Renda Fixa, ou seja, no momento da aplicação, você sabe quanto vai receber se mantiver o título até o vencimento.
Fábio também afirma que os Fundos de Investimentos são alternativas interessantes para quem está começando a investir, "pois representam uma cesta de ativos diversificados e podem apresentar um investimento mínimo inferior a R$ 100." Entre as principais classes de Fundos de Investimentos, estão os fundos de Renda Fixa, Multimercado, que têm a política de investimento determinada a mesclar aplicações de vários mercados, Ações e Cambial, que podem ser destinados a investir no Brasil e no Exterior.
Outra opção para quem quer investir com isenção do IR e baixo risco são os LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio). Ambos são títulos emitidos por instituições financeiras e contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) de até R$250 mil. É possível encontrar LCIs e LCAs a partir de R$ 1 mil. Assim como o Tesouro Direto, também são investimentos de Renda Fixa.
Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) também podem ser uma boa opção. Esse título é emitido por bancos para captar recursos de investidores, com o objetivo de emprestar a pessoas ou empresas, com juros muito mais altos. De acordo com Fábio, como são títulos privados, é importante se atentar ao risco do emissor. De qualquer forma, explica o CEO, "o FGC, um órgão privado, garante a preservação de investimentos até R$250 mil por emissor em caso de falência do mesmo". Os CDBs têm a cobrança do Imposto de Renda de acordo com o período de investimento, que pode variar de 22,5% (até seis meses) a 15% (acima de dois anos) sobre a rentabilidade.
*Reportagem da estagiária Alexia Gomes, sob supervisão de Thiago Antunes