Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel GalípoloPedro França/Agência Senado
Galípolo afirmou que havia uma percepção de que o relaxamento por parte do Japão do controle de sua taxa longa de juros teria impacto também nos prêmios dos títulos norte-americanos, com menos demanda por parte dos japoneses. "Na verdade, o movimento é muito mais forte nos Estados Unidos, do que efetivamente o que está ocorrendo no Japão", explicou.
O diretor citou as assimetrias na precificação de papéis de diferentes países europeus, e destacou o medo dos investidores por um reflexo do que ocorre nos EUA. "A influência da abertura das taxas dos títulos americanos nos títulos europeus teria crescido muito nesse último movimento", completou.
Galípolo repetiu que uma das explicações para a alta de juros internacionais é o aumento do endividamento dos países desenvolvidos após a pandemia de covid-19. "As taxas pagas pelas economias emergentes são as taxas dos avançados, mais um prêmio. Do ponto de vista adicional que é imposto a esses países para o carregamento de suas dívidas, isso é colocado na mesma proporção ou ainda mais para os emergentes", concluiu.
Dólar ante outras moedas
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse ainda que, apesar da piora dos indicadores fiscais dos Estados Unidos, não há um enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas.
Galípolo destacou divulgações recentes sobre a atividade mais fraca em diversos países, o que levou a um cenário de redução nas expectativas de aumento de taxas no longo prazo, sinalizando inclusive alguns cortes de juros em 2024.
"Se formos explicar elevação dos juros pelo fiscal, como explicar arrefecimento agora das expectativas pelo enfraquecimento da atividade econômica e do mercado de trabalho?", questionou o diretor do BC.
Resiliência da atividade e do mercado de trabalho
Gabriel Galípolo disse também que a resiliência da atividade e do mercado de trabalho em diversos países é algo não usual em meio a taxas de juros ainda contracionistas na maior parte do mundo. Ele citou a divulgação de dados em diversas economias na última semana apontando na mesma direção.
"Temos incertezas e dúvidas sobre os números da atividade e do mercado de trabalho, com disparidades grandes em relação às expectativas. A correlação entre os resultados também tem se dado de maneira não usual, com aumento da atividade e queda na inflação", avaliou o diretor do BC.
Para Galípolo, umas das explicações do caso brasileiro é a contribuição da agropecuária para a atividade no começo do ano, além de possivelmente ter havido um aumento do PIB potencial brasileiro devido às reformas aprovadas nos últimos anos.
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