Cristtiano Brochier, diretor de gestão e participação da CodemarPaulo Sergio Costa/Agência O Dia

A Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) lançou, durante a Smart Summit, evento dedicado ao setor de investimentos, que aconteceu nesta quinta e sexta-feira, 25 e 26, o Fundo Imobiliário Verde. A iniciativa busca fomentar a economia da cidade para além dos royalties do petróleo, por meio da compra de ativos vinculados à áreas de preservação ambiental. O projeto foi elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e estará disponível ao público a partir de agosto.

Uma das maiores inovações do fundo é a aquisição de biomas de mata preservada, totalizando 574 hectares. A Codemar buscou a parceria com a BMV Global, única empresa autorizada pela B3 para realizar a certificação de áreas preservadas. Ela mapeou e emitiu estas autorizações. A partir de uma auditoria e georreferenciamento autorizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Codemar pretende emitir Unidades de Crédito Sustentável (UCS), uma "commodity verde" baseada em blockchain.
"A gente quer estruturar um fundo de investimento imobiliário para ganhar dinheiro a longo prazo," afirmou Cristiano Brochier, Diretor de Gestão e Participação da Codemar. "Traçamos estratégias: compramos áreas com bons preços para compor o fundo. No primeiro lote, utilizamos R$ 180 milhões", disse.

Brochier destacou a possibilidade de compra no varejo por trás da UCS. "Diferente da Cédula de Produtor Rural (CPR), que é uma debênture com limitada capilaridade no varejo devido ao alto preço de investimento — cerca de R$ 500 mil reais —, a UCS se destina ao público geral. Com apenas R$ 129 é possível comprar uma unidade", afirmou.
Diferentemente de um fundo imobiliário tradicional, no qual são arrecadados royalties decorrentes de atividades econômicas estabelecidas nos empreendimentos — sejam eles residenciais ou comerciais —, o fundo verde permitirá a compra de títulos de áreas ambientais como investimento e com valorização de commodity regulamentado pela bolsa de valores. Ao fim de todo ano, há uma "colheita" com base na movimentação de alguns ativos que vão precificar o valor de cada UCS. Isso permitirá ao comprador obter receita através de casa unidade.
Brochier acredita que a popularização dessa unidades vai gerar uma arrecadação importante para o município. "Com a certificação de nossas áreas, conseguimos emitir 490 UCS, permitindo a colheita anual de 490 mil UCS, o que representa 60 milhões de reais anuais", disse.

O Fundo Imobiliário Verde pretende oferecer, além da possibilidade de participar de forma tradicional, a aquisição de UCS e de lotes em áreas preservadas para compensação de carbono.  De acordo com a Codemar, o programa Mumbuca Verde, vinculado ao fundo, já permite que eventos e empresas fornecedoras compensem suas emissões de carbono adquirindo UCS.

Com previsão de lançamento para agosto, Brochier acredita que o diferencial do fundo é o compromisso com a preservação ambiental. "Outros programas podem demorar mais para efetuar o reflorestamento. No nosso projeto, a prioridade é a preservação, pois a compra das unidades está diretamente ligada a áreas já preservadas, mantendo a floresta em pé" enfatizou.