Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reuniu na semana passadaReprodução / Internet
Copom avaliou conveniência de alguma indicação para decisão da Selic de junho, diz ata
Comitê manteve perspectiva de corte na taxa somente para reunião de maio
Após manter por meses seu forward guidance para os próximos encontros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu na semana passada retirar o plural na sinalização, mantendo apenas a perspectiva de corte na magnitude de 0,50 ponto porcentual da Selic iniciado em agosto do ano passado apenas para a reunião de maio.
"Avaliou-se a conveniência de alguma indicação para a decisão de junho, para a qual o Comitê ainda não havia feito qualquer comunicação", explicou o colegiado na ata do último encontro do divulgada há pouco.
O documento trouxe o relato de um debate entre os integrantes da cúpula do BC sobre a comunicação em um cenário que se requer maior flexibilidade para conduzir a política monetária apropriada para o atingimento da meta de inflação. "O cenário-base não se alterou substancialmente, mas, com as incertezas do cenário, julgou-se apropriado ter maior flexibilidade de política monetária", informou a ata.
Ainda que a avaliação do Copom fosse a de que a comunicação já contivesse uma condicionalidade embutida, o grupo avaliou que não trazia a flexibilidade requerida. "Além disso, argumentou-se que uma retirada tardia, possivelmente vista como uma promessa não cumprida, deveria ser evitada porque poderia ter impacto sobre a credibilidade futura da comunicação e provocar volatilidade excessiva", argumentaram os membros do colegiado.
Após a apresentação de todos os argumentos, o Comitê unanimemente concluiu que o cenário mais incerto reduzia o benefício da sinalização futura e elevava seus custos. "Tal avaliação levou o Comitê a comunicar que antecipava uma redução de mesma magnitude na próxima reunião, reforçando que a alteração na comunicação se dava por uma mudança na incerteza e não no cenário-base", escreveram os integrantes do Copom.
Apesar de terem salientado no comunicado que se seguiu à decisão de cortar a Selic, a manutenção do mesmo ritmo no próximo encontro, o comitê diminuiu o prazo do forward guidance, mas enfatizou que o cenário não havia se alterado substancialmente. Esses pontos, juntos, deixaram alguns analistas do mercado financeiro intrigados. Agora, na ata desta terça-feira, o colegiado explicou que a alteração reflete somente uma análise de custo-benefício da utilização desse instrumento adicional de política monetária (o forward guidance).
Mais do que isso, o Copom reforçou que seria um "equívoco" interpretar a mudança na sinalização futura como uma indicação de alteração do ciclo de política monetária compatível com o cenário-base.
Assim como já vêm descrevendo alguns porta-vozes do BC, o Comitê fez um balanço positivo sobre o uso de uma indicação condicional para as reuniões subsequentes ao longo das últimas reuniões, reforçando que cumpriu seu papel de coordenar as expectativas, aumentar a potência de política monetária e reduzir a volatilidade.
"Notou-se que, até então, os benefícios da sinalização com horizonte alargado superaram os custos tanto na avaliação ex-ante quanto na avaliação ex-post", enfatizaram.
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