Mediana das estimativas do mercado para o IPCA de 2024 ficou estável, em 3,73%Reprodução

As previsões do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos em 2024 ficaram estáveis, de acordo com a edição do Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira, 30, em Brasília. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
A mediana das estimativas do mercado para o IPCA de 2024 ficou estável, em 3,73%, segundo o relatório. Um mês antes, a estimativa era de 3,75%. A projeção para 2025, foco da política monetária, também ficou inalterada, em 3,60%.

Considerando as 56 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a inflação de 2024 caiu de 3,73% para 3,70%. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 3,64%, levando em conta apenas 54 atualizações no período.

A mediana para o IPCA de 2026 continuou em 3,50% pela 43ª semana consecutiva, mantendo o quadro de ancoragem apenas parcial das expectativas descrito pelo Banco Central. A estimativa intermediária para 2027 também continuou em 3,50% pela 43ª leitura seguida.

As projeções do mercado para a inflação de todos os anos continuam acima do centro da meta, de 3%, e abaixo do teto, de 4,5%. No ano passado, o IPCA atingiu 4,62% - contra um centro da meta de 3,25% e um teto de 4,75%, evitando o estouro do alvo.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou em março que espera alta de 3,5% para o IPCA em 2024, a mesma projeção das reuniões anteriores, de dezembro e janeiro. Em 2025, o Banco Central espera inflação de 3,2%.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 continuou em 2,02%. Com isso, interrompeu uma sequência de 10 semanas de elevação. Considerando apenas as 29 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 2,02% para 2,05%.

A expectativa intermediária para 2025 ficou em 2% pela 20ª semana seguida. Levando em conta apenas as 28 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a taxa também foi mantida em 2%.

A mediana do mercado para o crescimento do PIB de 2026 ficou inalterada pela 38ª semana seguida, também em 2%. Para 2027, a estimativa intermediária continuou em 2% pela 40ª semana consecutiva.

O Ministério da Fazenda prevê alta de 2,2% para o PIB brasileiro em 2024. O Banco Central estima 1,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março, mas o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, tem dito que considera difícil imaginar um crescimento menor do que 2% este ano.
Selic
A mediana do mercado para a taxa Selic no fim de 2024 também ficou estável, em 9,5%, nesta edição do relatório Focus. Um mês atrás, antes da mudança das metas fiscais e da avaliação de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortará menos os juros este ano, a estimativa era de 9%.

Levando em conta apenas as 49 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para Selic no fim de 2024 caiu de 9,75% para 9,50%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) diminuiu a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual pela sexta vez consecutiva em março, para 10,75%. O colegiado indicou mais um corte dessa magnitude na reunião seguinte, mas declarações recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, colocaram em dúvida essa perspectiva.

Em eventos públicos, Campos Neto tem repetido que o "forward guidance" do Copom depende de o cenário econômico evoluir conforme se esperava. Por isso, se a incerteza continuar mais elevada, o BC pode se ver forçado a diminuir o ritmo de redução. Parte do mercado já espera um corte menor, de 0,25 ponto, na semana que vem.

A mediana para a taxa Selic no fim de 2025 continuou estável em 9%, 0,5 ponto porcentual acima do nível de um mês atrás, de 8,5% Considerando as 45 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa também se manteve em 9%.

No horizonte mais longo, de 2026, a mediana oscilou para cima, de 8,5% para 8,63% - colocando fim a uma sequência de 38 semanas de estabilidade. Mas a estimativa para 2027 ficou estável em 8,5%, pela 38ª semana seguida.
Dólar
As medianas do mercado para o dólar no fim de 2024 e 2025 ficaram estáveis no relatório Focus divulgado nesta terça-feira, 30, em R$ 5,00 e R$ 5,05, respectivamente. Um mês atrás, eram de R$ 4,95 e R$ 5,00, nesta ordem.

Considerando só as 41 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o dólar no fim de 2024 subiu de R$ 5,01 para R$ 5,02. A estimativa para o fim de 2025 passou de R$ 5,05 para R$ 5,08, com base em 40 projeções.

A projeção de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Déficit em conta corrente
As medianas do mercado para o saldo em transações correntes do Brasil ficaram estáveis. A estimativa para 2024 continuou indicando um déficit de US$ 32,10 bilhões, enquanto a de 2025 ainda sugere déficit de US$ 40,0 bilhões, conforme o relatório Focus publicado nesta terça-feira pelo Banco Central. Um mês atrás, as projeções eram de déficits de US$ 32,0 bilhões e US$ 36,95 bilhões, nesta ordem.

A expectativa é que os ingressos líquidos de Investimento Direto no País (IDP) sejam suficientes para cobrir com folga esses resultados negativos. A mediana para o IDP de 2024 caiu de US$ 67,27 bilhões para US$ 67,0 bilhões, enquanto a estimativa intermediária para 2025 recuou de US$ 73,50 bilhões para US$ 73,0 bilhões.

O mercado também continua esperando superávit na balança comercial neste e no próximo ano. A mediana para 2024 continuou indicando saldo positivo de US$ 80,0 bilhões, mesmo número da semana anterior. Um mês atrás, era de US$ 82,0 bilhões. No ano que vem, a mediana foi mantida em US$ 75,0 bilhões - quatro semanas antes, era de US$ 74,55 bilhões.