Edifício-sede do Banco CentralMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Um aumento das estimativas de inflação de longo prazo era esperado por analistas do mercado, como mostrou o Estadão/Broadcast. A incerteza sobre o compromisso do Banco Central com o cumprimento da meta para o IPCA a partir do ano que vem, quando o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, será substituído por um indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pesa no movimento.
Essa incerteza cresceu desde a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que diminuiu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,5%. A minoria — inteiramente composta por diretores indicados por Lula, crítico do nível dos juros, que considera altos — votou por uma redução mais intensa da taxa, de 0,5 ponto percentual.
Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada, também podem ter pesado no movimento. Em uma audiência na Câmara dos Deputados, ele disse que o centro da meta de inflação, de 3%, é "exigentíssimo para as condições do Brasil". O comentário renovou a percepção de que o governo ainda pode, eventualmente, aumentar a meta de inflação.
Considerando apenas as projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do Focus para o IPCA de 2024 subiu de 3,84% para 3,86%. A estimativa intermediária para 2025 passou de 3,70% para 3,77%.
A estimativa intermediária do mercado para o IPCA de 2027 ficou estacionada em 3,50% pela 47ª semana consecutiva.
A mediana para o crescimento do PIB de 2025 continuou em 2% pela 24ª semana consecutiva. Levando em conta apenas as estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, permaneceu no mesmo nível, de 2%.
O mercado também não alterou as projeções de crescimento do PIB em um prazo mais longo. A estimativa para 2026 permaneceu em 2% pela 42ª semana consecutiva. A mediana para 2027 também continuou em 2%, pela 44ª leitura seguida.
O Ministério da Fazenda espera que o PIB de 2024 cresça 2,5%. Já o Banco Central estima um crescimento menor, de 1,9%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.
O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,5%, na sua última reunião, em maio. Por cinco votos a quatro, contrariou o forward guidance anterior, que prometia um corte de 0,5 ponto. A minoria — inteiramente composta por diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, crítico do nível dos juros, que considera alto — votou por uma baixa maior, de 0,5 ponto.
Na ata do Copom, publicada há duas semanas, o Banco Central explicou que o dissenso entre os diretores ocorreu por causa do próprio forward guidance. E, na semana passada, o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, afirmou que os membros do comitê concordam que a política monetária precisa ser mais "cautelosa, restritiva e flexível." Ele votou por um corte de 0,25 ponto em maio.
A mediana das estimativas do Focus para a taxa Selic no fim de 2026 também ficou estável, em 9%, contra 8,63% um mês antes. A projeção para o fim de 2025 foi preservada em 9%, de 8,5% há quatro semanas.
Considerando apenas as expectativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a Selic no fim de 2024 passou de 10% para 10,25%, com base no ajuste de projeções de 81 participantes do Focus. Nessa mesma base, a mediana para o fim de 2025 ficou estável em 9%.
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