Estimativa intermediária para o IPCA de 2024 subiu de 4,12% para 4,20%Reprodução

A projeção dos analistas para a inflação de 2024 foi revista para cima, enquanto a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano foi mantida, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 12, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
A estimativa intermediária para o IPCA de 2024 subiu de 4,12% para 4,20%, em alta pela quarta semana consecutiva e distante apenas 0,3 ponto percentual do teto da meta este ano, de 4,5%. Considerando as 68 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, avançou de 4,19% para 4,22%.

Um mês antes, a projeção para este ano era de 4%. Parte do mercado ainda pode estar incorporando às suas estimativas de inflação de 2024 o aumento dos impostos sobre cigarros.
A mediana do relatório Focus para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 caiu de 3,98% na semana passada para 3,97% na edição divulgada nesta segunda-feira, 12, pelo Banco Central, contra 3,90% um mês antes É a primeira baixa desde o relatório divulgado em 25 de março deste ano, quando a estimativa intermediária havia caído de 3,52% para 3,51%.

Na última ata, divulgada na terça-feira passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que "não se furtará ao seu compromisso com o atingimento da meta de inflação".

O colegiado espera que o IPCA acumulado em 12 meses até o fim do primeiro trimestre de 2026 — o horizonte relevante da política monetária — atinja 3,4%, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5% — ambos considerados textualmente "acima da meta".

"O comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado", afirmou o Copom, na ata.

Considerando apenas as 68 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do Focus para o IPCA de 2025 caiu 0,1 ponto percentual, de 4% para 3,9%.
PIB
A mediana do relatório Focus do Banco Central para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 continuou em 2,20%, interrompendo uma sequência de seis altas consecutivas. Um mês antes, estava em 2,11%. Considerando apenas as 40 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 2,21% para 2,24%.

A estimativa intermediária para o crescimento do PIB de 2025 se manteve em 1,92%. Levando em conta apenas as 39 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, caiu de 1,98% para 1,92%, conforme o relatório divulgado pelo BC.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2%, como já estão há 53 semanas e 55 semanas, respectivamente.

Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira, 6, o Banco Central afirmou que o ritmo de crescimento da atividade econômica — sobretudo no consumo das famílias — e o dinamismo do mercado de trabalho têm surpreendido e "divergido do cenário de desaceleração previsto".

A última estimativa divulgada pelo Banco Central, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicava crescimento de 2,3% para o PIB brasileiro este ano.

O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 2,5% em 2024, conforme o mais recente Boletim Macrofiscal, divulgado em julho.

O ministro Fernando Haddad, que chefia a pasta, disse que havia informações suficientes para sustentar uma mudança na estimativa, mas que pediu "parcimônia" nas revisões.
 
Déficit primário em relação ao PIB
A mediana do relatório Focus do Banco Central para o déficit primário de 2024 oscilou negativamente, de 0,70% para 0,69% do Produto Interno Bruto (PIB), interrompendo uma sequência de seis semanas de estabilidade. Considerando as 15 projeções atualizadas os últimos cinco dias úteis, passou de 0,64% para 0,70% do PIB.

Os números seguem distantes da meta deste ano, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou para menos. Mesmo após ter anunciado uma contenção de R$ 15 bilhões em gastos, o próprio governo espera obter um déficit primário de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente em linha com o piso do alvo

A mediana do Focus para o déficit primário de 2025 permaneceu em 0,70% do PIB a meta do ano que vem também é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto do PIB. Um mês atrás, a projeção estava em 0,66%.

Nominal

A estimativa intermediária do Focus para o déficit nominal de 2024 se manteve em 7,30% do PIB. Há um mês, a projeção era de 7,25%. A estimativa intermediária para 2025 sugere déficit nominal de 6,50% do PIB, mesmo nível da última semana e de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB seguiu em 63,70% em 2024, mesmo indicador de um mês antes A estimativa intermediária para 2025 passou de 66,0% para 66,20%, contra 66,0% um mês antes.
Selic
A mediana do relatório Focus do Banco Central para a taxa Selic no fim de 2025 se manteve em 9,75% após a divulgação da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que informou que "não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado". Na decisão do último dia 31, o colegiado manteve a Selic em 10,5% pela segunda reunião consecutiva.

Considerando apenas as 80 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a Selic no fim de 2025 subiu de 9,5% para 9,75%.

A estimativa intermediária para a taxa básica de juros no fim deste ano permaneceu em 10,5% pela oitava semana consecutiva. Considerando apenas as 82 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, também continuou neste nível. O mercado também manteve o consenso de que os juros encerrarão 2026 e 2027 em 9%.
Dólar
A mediana do relatório Focus do Banco Central para o dólar no fim de 2024 se estabilizou em R$ 5,30, contra R$ 5,22 um mês atrás, conforme divulgação realizada na manhã desta segunda. A estimativa intermediária para o fim de 2025 também se manteve em R$ 5,30, contra R$ 5,20 quatro semanas antes.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Déficit em transações corrente
A mediana do relatório Focus do Banco Central para o déficit em transações correntes de 2024 diminuiu de US$ 38,2 bilhões para US$ 38,0 bilhões, a quarta redução consecutiva. Um mês antes, estava em US$ 40,40 bilhões.

A estimativa intermediária para 2025 passou de déficit de US$ 43,25 bilhões para um saldo negativo de US$ 43,60 bilhões, o mesmo nível de quatro semanas antes.

Segundo o Focus, os déficits em conta corrente devem continuar sendo confortavelmente financiados pelo Investimento Direto no País (IDP).

A mediana para a rubrica em 2024 subiu de US$ 69,59 bilhões para US$ 69,80 bilhões, contra US$ 70,0 bilhões um mês antes. Para 2025, passou de US$ 71,60 bilhões para US$ 71,20 bilhões, ante US$ 74,0 bilhões quatro semanas atrás.

A estimativa intermediária do mercado para o superávit comercial de 2024 subiu de US$ 82,0 bilhões para US$ 82,44 bilhões, contra US$ 82,0 bilhões um mês antes.

Para 2025, recuou de US$ 78,0 bilhões para US$ 77,15 bilhões, contra US$ 76,30 bilhões quatro semanas atrás.