STF pauta recurso contra decisão que anulou revisão da vida toda do INSSAgência Brasil
STF pauta recurso contra decisão que anulou revisão da vida toda do INSS
Em dezembro de 2022, o Supremo validou por 6 a 5 a 'revisão da vida toda', dando vitória aos aposentados
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), pautou um recurso do Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) contra a decisão que anulou a chamada "revisão da vida toda" dos benefícios do INSS. O julgamento será realizado no plenário virtual entre os dias 23 e 30 de agosto.
Em dezembro de 2022, o Supremo validou por 6 a 5 a "revisão da vida toda", dando vitória aos aposentados. O julgamento foi uma derrota para a União, que estimava impacto de até R$ 480 bilhões para as contas públicas, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A tese que dava sustentação à "revisão da vida toda" era que o segurado tinha direito a optar pela regra que fosse mais vantajosa para ele: seja a regra de transição, que contabilizava os salários a partir de 1994, seja a regra geral, que contabilizava toda a vida contributiva.
A anulação da decisão anterior foi feita por via indireta, por meio de julgamento sobre uma regra de transição para o cálculo das aposentadorias, em março deste ano. A Corte decidiu que, com base no julgamento que declarou a constitucionalidade da regra de transição para o cálculo do benefício, o segurado não pode optar pela regra que lhe for mais favorável.
O Ieprev argumentou, por meio de embargos de declaração, que o Supremo foi omisso ao deixar de se manifestar sobre os efeitos da decisão de março deste ano sobre a decisão tomada em 2022. O instituto também pede que o direito à revisão das aposentadorias seja preservado para quem já tinha ações ajuizadas até a data da publicação do acórdão do julgamento, em 21 de março.
A entidade ainda contesta o impacto bilionário alegado pela União para a revisão dos benefícios. De acordo com estudos feitos pelos economistas Thomas Conti, Luciana Yeung e Luciano Timm para o Ieprev, o impacto financeiro mais provável seria de R$1,5 bilhão ou, na pior da hipóteses, R$3,1 bilhões. A integridade do sistema previdenciário foi um dos pontos destacados nos votos dos ministros que votaram pela anulação da tese, como Luís Roberto Barroso e Cristiano Zanin.
Em junho, a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou contra o recurso. O órgão argumentou que a decisão favorável aos aposentados, proferida em dezembro de 2022, "ainda não transitou em julgado, de sorte que não se vislumbra qualquer ameaça à segurança jurídica". A AGU também citou estudo mais recente, segundo o qual o custo financeiro da "revisão da vida toda" seria de R$70 bilhões.
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