Juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira, 14, em queda firmeArquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Taxas de juros caem com melhora da percepção fiscal após três sessões em alta
Expectativa era de que um ajuste em baixa na curva não tardaria, ainda que alívio desta segunda-feira esteja longe de ser considerado tendência
Os juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira, 14, em queda firme, aparando o excesso de prêmios adicionados à curva nas últimas três sessões. Sem a referência do segmento de Treasuries, hoje fechado em função de feriado nos EUA, o mercado aproveitou sinais de melhora no ambiente fiscal para corrigir parte da alta acumulada, como declarações de autoridades e um possível plano do governo de contenção de gastos a ser executado após as eleições municipais.
Numa sessão de liquidez mais baixa, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 12,66% no ajuste de sexta-feira para 12,53% e a do DI para janeiro de 2027, de 12,85% para 12,64% (mínima). O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 12,62% (mínima), de 12,84% no ajuste anterior.
Dada a esticada dos prêmios, a expectativa era de que um ajuste em baixa na curva não tardaria, ainda que o alívio de hoje esteja longe de ser considerado tendência. Já pela manhã as taxas caíam, com o mercado acompanhando a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no Congresso Itaú BBA Macro Vision 2024, no qual mostraram alinhamento nas percepções sobre as contas públicas e diagnósticos sobre o panorama econômico.
Haddad defendeu o trabalho que vem executando à frente da Pasta ao mirar os gastos tributários e calibrar despesas e receitas em busca do equilíbrio. "Não vejo outro caminho para o Brasil que não seja o de calibrar uma trajetória consistente em que a receita cresça acima do PIB e a despesa cresça abaixo do PIB." Ele sinalizou que a reforma do imposto de renda pode não necessariamente ocorrer este ano e, ainda, que a proposta orçamentária para 2025 está mais bem calibrada que a de 2024, que foi mais desafiadora.
Já Galípolo disse que o ministro tem demonstrado "obstinação" na busca por uma política fiscal transparente, sustentável e socialmente justa e tem "clareza" do que precisa ser feito na seara fiscal. "Desde o início, o ministro Fernando Haddad vem reforçando essa visão de que a política fiscal e monetária devem trabalhar em harmonia, dois braços do mesmo corpo, como ele sempre cita. E acho que existe bastante clareza, na visão dele, sobre o diagnóstico e o que precisa ser feito, isso está bastante claro na agenda da Fazenda", afirmou.
O estrategista-chefe da AZ Quest, André Muller, destaca que a curva já tinha um cenário razoável de aperto monetário implícito, acima das projeções medianas do mercado, e que a Fazenda tem dito que os projetos mais urgentes são os relacionados à ponta da despesa. Com isso, Muller viu o movimento, principalmente pela manhã, relacionado mais a uma "ausência de uma deterioração adicional".
À tarde, o recuo das taxas se aprofundou na esteira da matéria apurada pela Reuters de que o governo prepara uma proposta de contenção de gastos para depois do segundo turno da eleição. "Não é exatamente uma grande novidade. O Ministério do Planejamento fez reunião com vários membros do mercado e indicou que várias coisas vêm sendo estudadas seja do lado da despesa seja do lado do IR", diz.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de agosto foi o principal item da agenda da segunda-feira, mas acabou em segundo plano, mesmo tendo surpreendido, com alta de 0,23% ante julho, ante consenso de estabilidade.
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