Ano novo se aproxima com novas perspectivas econômicasPixabay
Além disso, há o pacote de corte de gastos. O conjunto de medidas foi proposto pelo governo no fim de novembro para poder viabilizar as ações do governo e manter o equilíbrio das contas públicas.
Reforma tributária
O texto trata das regras de incidência do Imposto Sobre Valor Agregado (IVA Dual), que se subdivide em dois tributos básicos sobre o consumo: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), em nível federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), em nível estadual/municipal.
Além disso, haverá o Imposto Seletivo (IS), o chamado "imposto do pecado", que é uma sobretaxa aplicada sobre determinados produtos e serviços considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Esses novos impostos são uma unificação de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) atualmente existentes.
Os novos tributos foram aprovados em emenda constitucional promulgada no fim 2023. A transição para o novo modelo tributário será gradual, entre 2026 e 2033.
Mudanças positivas, mas no longo prazo
Para Enivalda Alves da Silva Pina, economista e coordenadora do curso de Administração de Empresas (EaD) da Faculdade Santa Marcelina, a aprovação da Reforma pode ser extremamente positiva para a economia brasileira.
"A Reforma Tributária tem o potencial de gerar impactos positivos significativos, principalmente ao simplificar o sistema e estimular investimentos. Ao unificar tributos sobre consumo, a reforma pode reduzir custos administrativos e melhorar a competitividade das empresas brasileiras no mercado global", argumentou.
Já Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, lembra que as mudanças se estenderão por anos de transição e que 2025 será um ano de adaptações.
"A transição para a Reforma Tributária começará em 2026 e se estenderá até 2033. Portanto, 2025 será um ano de definições, em que as empresas e o governo estarão se preparando para as mudanças que entrarão em vigor no ano seguinte. Durante esse período, haverá discussões sobre a implementação dos novos impostos, como a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), além de ajustes nas alíquotas do ICMS e ISS, que serão gradualmente reduzidas até 2032", avalia.
Pacote de corte de gastos
O aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem receber até R$ 5 mil pode ser considerado benéfico para os cidadãos, mas há necessidade de contrapartidas para evitar perdas do governo.
Recuperar a credibilidade internacional
Enivalda acredita que a mudança é fundamental para mostrar ao mundo que o Brasil irá cumprir com as suas obrigações fiscais.
"Um pacote de corte de gastos bem estruturado pode sinalizar ao mercado que o governo está comprometido com a responsabilidade fiscal. Isso pode resultar na valorização da moeda, redução do risco-país e atração de investimentos externos".
Para Hulisses, que segue a mesma linha, a aprovação é importante e deve acontecer da forma mais rápida possível:
"Dada a atual conjuntura, o pacote de corte de gastos deveria ser aprovado o quanto antes para recuperar a credibilidade fiscal e aliviar a curva de juros. No entanto, sabemos que a máquina pública é complexa e permeada por interesses diversos, o que torna a aprovação até o fim do ano um desafio significativo. Apesar disso, a necessidade de ajuste fiscal pode impulsionar esforços para superar os entraves políticos e avançar com as medidas."
Previsão do mercado nega projeções do governo
Segundo o Ministério da Fazenda, as medidas podem gerar uma economia de até R$ 108 bilhões entre 2025 e 2030.
O DIA procurou a XP Investimentos para entender como o mercado enxergava este pacote de mudanças. A empresa respondeu que, de acordo com as suas projeções, as medidas não terão o alcance esperado pelo governo.
"A medida estrutural mais importante é a regra do salário mínimo. Contudo, mesmo essa alteração não é suficiente para que despesas, como benefícios previdenciários, cresçam abaixo do teto de gastos. Além disso, há uma série de mudanças pequenas que alteram apenas o nível de gastos no curto prazo, sem modicar sua trajetória de crescimento. Mesmo com as novas regras, a sustentabilidade do arcabouço fiscal continuará desafiadora nos próximos anos", destaca a XP Investimentos.
O que esperar da Selic?
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa básica de juros (Selic) de 11,25% para 12,25% ao ano em 11 de dezembro. A decisão vai na contramão de outros indicadores positivos da economia brasileira, como a alta na geração de empregos no Brasil, o aumento da expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional para este ano e o mais recente resultado do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que recuou para 0,83% na primeira prévia de dezembro, após alta de 0,99% no mês de novembro.
"Isso influencia as decisões de consumo da população, além de impactar os investimentos das empresas, principalmente dos pequenos negócios", argumenta o presidente do Sebrae, Décio Lima.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considera que o aumento é excessivo e representa mais um obstáculo para a atividade da indústria nacional. No entanto, a entidade reconhece que o patamar elevado da Selic reflete, em grande parte, o cenário atual de desconfiança com relação à trajetória da dívida pública.
PIB e inflação
De acordo com dados fornecidos pelo Banco Central do Brasil, a estimativa da inflação, medida pelo IPCA, no acumulado dos próximos 12 meses é de 4,70%. Já nos últimos 12 meses, o boletim Focus aponta para 4,89%.
O Produto Interno Bruto, por outro lado, tem previsão de um crescimento de 2,4% pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, esta estimativa varia muito ao longo do ano.
Um exemplo é o ano de 2024, que segundo o Boletim Focus divulgado em janeiro, a previsão de crescimento do PIB era 1,52%. A última previsão, no entanto, aponta para 3,42% de aumento.
Ministério do Trabalho busca homogeneidade
O índice de desemprego caiu nos últimos anos. No trimestre encerrado em novembro de 2022, o número era de 8,1%. Já no mesmo período, em 2023, a taxa era de 7,5%. No trimestre encerrado em outubro de 2024, o número chegou a 6,2%.
O DIA conversou com o Ministério de Trabalho e Emprego para entender se há uma perspectiva para reduzir ainda mais este índice no ano que vem.
A pasta do governo informou que não faz este tipo de projeção, mas que possui objetivos para 2025.
"Uma meta importante seria uma maior homogeneidade de situações regionais, e individuais – por sexo, por raça/etnia, por faixas etárias, mostrando que de fato as taxas de desocupação representam adequadamente a situação de todos", disse em nota.
O que esperar no turismo?
Em 2024, mais uma vez São Paulo foi o estado brasileiro mais visitado por turistas internacionais, enquanto o Rio de Janeiro ficou com a segunda posição. Números fornecidos pela Embratur mostram os seis destinos mais buscados:
1) São Paulo (2.038.548)
2) Rio de Janeiro (1.352.012)
3) Paraná (805.143)
4) Rio Grande do Sul (768.116)
5) Santa Catarina (415.751)
6) Bahia (125.199)
*Dados de janeiro a novembro de 2024
Expectativa para o Rio de Janeiro
"Vamos viver a melhor temporada de verão de todos os tempos do turismo do Rio de Janeiro. Isso é resultado de um trabalho conjunto de reconstrução da imagem do Rio, mas também de reerguer o Galeão. A Embratur trabalhou muito para atrair novos voos. A chegada massiva de chilenos, argentinos e uruguaios no Rio é resultado de nossa estratégia de promoção e atração de voos", diz o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.
- Oferta de assentos internacionais prevista Jan-Mar/25: 991 mil assentos
- Oferta de assentos internacionais Jan-Mar/19: 787 mil assentos
- Crescimento Jan-Mar/25 vs. Jan-Mar/19: +26% (+204 mil assentos)
Maiores crescimentos por país:
- Argentina: +51% (+106 mil assentos, total de 312 mil assentos em Jan-Mar/25)
- Chile: +89% (+83 mil assentos, total de 177 mil assentos em Jan-Mar/25)
- Uruguai: +101% (+21 mil assentos, total de 42 mil assentos em Jan-Mar/25)
- Portugal: +38% (+15 mil assentos, total de 38 mil assentos em Jan-Mar/25)
- Panamá: +54% (+14 mil assentos, total de 40 mil assentos em Jan-Mar/25)
O que a alta do dólar muda no dia a dia?
O dólar apresentou um grande crescimento em comparação ao real no último ano. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central do Brasil, em dezembro de 2023, a moeda americana valia cerca de R$ 4,92.
Em dezembro deste ano, o dólar ultrapassou os R$ 6, atingindo um pico de R$ 6,90. Mas o que isto muda na sociedade?
Nesse sentido, Hulisses explicou que "o dano com certeza é o aumento dos preços, o que impulsiona a inflação". "Esse cenário pressiona ainda mais o orçamento das famílias de baixa renda. Por outro lado, um ponto positivo é que a alta do dólar beneficia as exportações, tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, o que pode ajudar a aumentar a receita de empresas exportadoras e impulsionar setores da economia que dependem do comércio exterior", salienta.
Sobre a famosa "cotação ideal", ele explica:
"Sempre haverá um 'cobertor curto', ou seja, dificilmente todos os setores serão beneficiados ao mesmo tempo por uma determinada cotação do dólar. No entanto, o que ajuda a todos é a previsibilidade. Quando a cotação do câmbio é mais estável e sem grandes distorções, as empresas conseguem planejar melhor suas operações, fazendo ajustes necessários de forma mais eficiente. A previsibilidade permite que os setores se ajustem de acordo com as condições do mercado, minimizando os impactos negativos da volatilidade cambial e proporcionando um ambiente mais seguro para investimentos".
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