Haddad disse que o Ministério da Fazenda está empenhado em responder a apelos por uma COP30 bem-sucedidaDiogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou nesta segunda-feira, 31, a convergência entre Brasil e França na agenda de tributação dos super-ricos. Durante a conferência organizada pela universidade Science Po sobre "governar na era climática", em Paris, o ministro disse esperar uma reedição dessa parceria franco-brasileira na COP30 com outras bandeiras.

"Na defesa da tributação dos super-ricos, um imperativo moral diante do avanço das oligarquias dentro das democracias, França e o Brasil mostraram o caminho da coordenação Norte-Sul que pode ajudar o sistema internacional a sair do impasse", disse o ministro. "Sem o apoio de intelectuais como Gabriel Zucman e Esther Duflo, o primeiro passo para uma tributação coordenada dos super-ricos não teria sido alcançado com a Declaração sobre Cooperação Tributária Internacional e o documento final da Cúpula do G20 no Rio, em novembro passado. Esperamos poder reeditar essa parceria franco-brasileira na COP com outras bandeiras", emendou.

Durante sua fala inicial, Haddad avaliou que o timing do convite para palestrar nesta segunda-feira no evento em Paris não poderia ser melhor.

Segundo ele, o mundo mudou muito desde a cúpula do G20 e passa por um momento de inflexão sobre o papel e o posicionamento global da América Latina e da Europa. "É nesse contexto que o Brasil se prepara para a COP30", disse.

Ele reiterou ainda a importância de trazer as finanças para o "coração do debate" sobre o clima e disse que a COP30 entrará na história como a "COP da implementação" - diante do potencial que o Brasil tem de liderar por meio de exemplo, promovendo uma agenda climática inclusiva e focada na implementação de soluções concretas.
'Melhor resposta à crise do multilateralismo é ousar ainda mais no multilateralismo'
O ministro afirmou que a melhor resposta à atual crise do multilateralismo é ousar ainda mais no multilateralismo, ao mencionar duas contribuições que estão sendo desenvolvidas no Ministério para a agenda internacional do clima: o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) e um marco regulatório robusto para o financiamento sustentável.

"Ambos projetos estão unidos pelo mesmo princípio: a melhor resposta à crise do multilateralismo é ousarmos ainda mais no multilateralismo", disse ele, durante a conferência organizada pela universidade Science Po sobre "governar na era climática", em Paris.

Haddad afirmou que, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Fazenda está empenhado em responder a apelos por uma COP30 bem-sucedida, que resgate a centralidade do multilateralismo.

"Na esteira do Plano de Transformação Ecológica e da presidência brasileira do G20, vamos trabalhar para posicionar o Brasil como líder pelo exemplo e pela cooperação em prol de um multilateralismo reforçado. Com essa ambição, pretendemos contribuir para o Roadmap Baku-Belém em torno do objetivo de canalizar pelo menos US$ 1,3 trilhão para o financiamento climático dos países em desenvolvimento até 2035", reiterou.

Haddad reforçou que, desde o início do governo, o objetivo da pasta tem sido enraizar a agenda do clima na administração do Estado. Segundo ele, até pouco tempo atrás, os ministérios da área econômica estavam alheios a esse debate.

Ele destacou que, já no primeiro ano, o Ministério da Fazenda lançou o Plano de Transformação Ecológica (PTE), projeto que, segundo ele, fortaleceu as credenciais brasileiras para participar de "maneira audaz" nos debates globais e defender uma nova Governança na Era do Clima chamada de "re-globalização sustentável" no G20.

O ministro citou ainda que, apesar do cenário adverso no Congresso, com uma minoria governista, a pasta conseguiu implementar políticas e ferramentas estruturantes, como a lei do Mercado de Carbono e da Taxonomia Sustentável. Foram introduzidos ainda novos mecanismos financeiros, além de ter sido lançada uma plataforma de investimentos para mobilizar recursos estrangeiros, disse.