Lula criticou a imprensa por conta do noticiário sobre o déficit fiscalPaulo Pinto/Agência Brasil

Brasília e São Paulo - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reclamou nesta sexta-feira, 10, das notícias que a imprensa veicula sobre déficit fiscal. Segundo o petista, há uma "indústria de criar desconfiança no povo". A declaração do presidente foi feita no lançamento do novo modelo de crédito imobiliário, no Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista.

"Se você pegar as chamadas notícias de desenvolvimento no Brasil e crescimento econômico, massa salarial e financiamento, você quase não vê. Mas, se você pegar déficit fiscal, é quase todo dia. Há uma indústria de jogar desconfiança na sociedade brasileira", declarou o presidente da República.

Lula também voltou a criticar os governos anteriores e rechaçou críticas sobre as políticas fiscais do governo. Segundo o presidente, "não existe mágica" com a economia e os administradores públicos precisam ter austeridade para evitar problemas judiciais futuros. "Muitas vezes a gente consegue andar um quilômetro para frente e quando a gente menos espera, a gente andou dois para trás. Vocês têm noção do que aconteceu neste País nos últimos seis anos, da sanha de destruição que esse País sofreu", disse ele.

Lula participou nesta sexta-feira do lançamento do novo modelo de crédito imobiliário lançado pelo governo federal. A proposta do governo pretende corrigir o esgotamento da poupança como fonte de financiamento imobiliário e criar uma transição para um modelo mais flexível e sustentável.
Relação com Trump
Lula afirmou que ele e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiram estabelecer uma "relação que nunca deveria ser truncada". "Acho que a gente estabeleceu uma relação que nunca deveria ter sido truncada porque eu nunca tratei um presidente de outro país ideologicamente. Quem tem que tratar ideologicamente é o povo que elegeu ele, eu não", afirmou.

O presidente voltou a contar detalhes da conversa telefônica que teve com Trump na segunda-feira, 6. Ele declarou que disse ao norte-americano que não se podia ter "discórdia e desavenças" entre os países, dada a importância do Brasil e dos Estados Unidos no cenário geopolítico. "Nós dois temos 80 anos e governamos as duas maiores democracias do ocidente. A gente não pode passar discórdia e desavença para o restante do mundo. A gente precisa passar harmonia", declarou.

O presidente voltou a rebater críticas de que ele teria demorado a tentar estabelecer um contato com Trump. Segundo Lula, ninguém respeita um "lambe-botas" e que, diante do tarifaço, propôs um aumento do fluxo comercial do Brasil com a China e outros países

"Ninguém respeita quem não se respeita. Se você acha que lamber botas te ajuda, você vai cair do cavalo. As pessoas respeitam quando elas percebem que você tem autoridade moral e caráter", afirmou Lula.