“Sempre que uma nova tecnologia emerge no cenário mundial, é natural questionar seus efeitos no mundo do trabalho,. Aconteceu a mesma coisa quando a Internet chegou ao grande público, algumas décadas atrás”, explica ela.
“É verdade que a IA tem capacidade de assumir algumas atividades, embora essa escala não seja tão definida no cenário atual. Talvez seja melhor pensar em como a tecnologia disponível tem condições de fazer com que as diversas profissões se aperfeiçoem”, continua.
Essa também parece ser a percepção de boa parte da população: 41% dos entrevistados disseram, por exemplo, que ferramentas capazes de simplificar tarefas hoje rotineiras seriam bem-vindas em seus postos de trabalho.
Outros 30% responderam que gostariam de ter dispositivos à mão para resolver problemas do dia a dia.
“Se a adoção da Inteligência Artificial resolver necessidades como essas, presentes nas empresas e na vida dos profissionais, então ela terá menos esse papel de substituição e mais de colaboração”, analisa Amanda Augustine. “Encontrar esse equilíbrio é o mais importante agora”, completa.
PROFISSÕES MAIS ARRISCADAS (?)
Desde o início do ano, quando o ChatGPT, da startup norte-americana OpenAI, entrou na agenda pública, muitas listas de empregos possivelmente ameaçados pela nova tecnologia surgiram nos meios de comunicação.
Em março, o próprio ChatGPT foi provocado a produzir sua relação – e respondeu com 80 profissões que poderiam ser, de fato, substituídas por ele. Entre elas, apareceram trabalhos como o de tradutor, designer gráfico, assistente financeiro, fotógrafo, contador e corretor de imóveis.
Os brasileiros, porém, observam que as atividades que correm mais risco são as que lidam com o atendimento ao público. Para a maioria (69%) das pessoas, a Inteligência Artificial vai assumir o trabalho dos operadores de telemarketing em breve.
Outra profissão vista como ameaçada é de a operador de caixa, citada por 68% dos entrevistados.
Aparecem com força na pesquisa ainda profissões como operários de fábrica (39%) e analistas de dados (38%).
Na contramão, profissões como motoristas de caminhão (14%), professores (12%), advogados (8¨%), jornalistas (7%) e médicos (6%) estão, no imaginário dos brasileiros, mais protegidas.
“Importante ressaltar que a ideia comum de que trabalhos de menor valor agregado são mais suscetíveis à IA não se sustenta, porque, na verdade, muito das potencialidades dela está em realizar tarefas complexas – hoje feitas por cargos de analistas e diretores”, observa Augustini.
A Onlinecurrículo ouviu 700 pessoas de diversos segmentos produtivos, faixas etárias, classes sociais e regiões do país entre os dias 14 e 21 de junho de 2023. A margem de erro da pesquisa é de 3.7 pontos porcentuais.
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