Publicado 27/10/2024 20:06 | Atualizado 27/10/2024 20:11
Jayr Bolsonaro pode ser considerado o grande derrotado no segundo turno das eleições municipais deste ano. Seu partido, o PL, disputou o pleito desta domingo, 27, em nove capitais, só vencendo em Cuiabá, com Abílio Brunini, e Aracaju, onde Emília Corrêa foi reeleita. A legenda perdeu em Belo Horizonte, Fortaleza, Palmas, Manaus, Belém, Goiânia e João Pessoa. Em Curitiba, ex-presidente viu ainda a candidata Cristina Graeml (PMB), a quem explicitou apoio, ser superada nas urnas por Eduardo Pimentel (PSD).
PublicidadeA maior conquista do bolsonarismo ocorreu em São Paulo, com a vitória de Ricardo Nunes (MDB) sobre Guilherme Boulos (PSOL). Na capital paulista, Bolsonaro investiu para evitar a vitória do candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém enfrentou um racha no eleitorado de direita. Parte dos conservadores optou no primeiro turno pelo ex-coach Pablo Marçal (PRTB).
Para alguns analistas políticos, a divisão do eleitorado bolsonarista em São Paulo pode significar “perda de liderança” do ex-presidente, notadamente entre os evangélicos e a classe média baixa. Há também quem atribua a maior responsabilidade pela vitória de Ricardo Nunes ao governador Tarcísio de Freitas, principal cabo eleitoral do emedebista.
Duas derrotas do PL são emblemáticas. Em Fortaleza, o petista Evandro Leitão derrotou a bolsonarista André Fernandes, que terminou o primeiro turno como o candidato mais votado. A virada, que parecia pouco provável, ocorreu na reta final da campanha. Leitão venceu a disputa por uma diferença apertada — cerca de 10 mil votos. Apesar de não ter ido à capital cearense para as atividades de campanha de Fernandes, Bolsonaro sabia da importância de conquistar a prefeitura, que está nas mãos da esquerda há várias gestões. A vitória do PL abriria uma importante frente política no Nordeste, região que garantiu a vitória de Lula em 2022.
Se Bolsonaro não participou diretamente da campanha em Fortaleza, ele jogou peso na disputa em Goiânia. O ex-presidente esteve duas vezes na capital de Goiás para participar de comícios de Fred Rodrigues. O empresário Sandro Mabel (União) contou com o apoio do governador Ronaldo Caiado. O confronto em um estado onde o eleitorado conservador é predominante, representou uma demonstração de força do chefe do Executivo local.
Curitiba foi um caso atípico. Na capital paranaense, Eduardo Pimentel (PSD) disputou — e venceu — o segundo turno tendo Paulo Martins (PL) como candidato a vice na chapa. Mesmo assim, Bolsonaro optou por apoiar Cristina Graeml. A decisão, segundo políticos do Paraná, foi uma tentativa de evitar que o governador Ratinho Jr se transforme em uma opção de candidatura da direita à Presidência da República em 2026.
Fora das capitais, o PL teve derrotas em cidades importantes. No Rio de Janeiro, Carlos Jordy foi superado por Rodrigo Neves (PDT) na eleição em Niterói. Em Santos (SP), Rogério Santos (Republicanos) superou Rosane Valle. Contudo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, os bolsonaristas sentiram o gosto da vitória com Lucas Sanches (PL), que venceu a disputa com Elói Pietá (Solidariedade). Mas o ex-presidente esperava mais neste domingo.
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