Mensagens com golpes se tornam cada vez mais comunsTânia Rêgo/Agência Brasil

Cada vez mais comum, a invasão de contas do Instagram por golpistas provoca grandes transtornos para os usuários que nem sempre sabem o que fazer ao notar que perderam o controle de seus perfis. Rayssa do Valle, engenheira mecânica, de 27 anos, não tem grande atividade na rede e, ainda assim, entrou na mira de criminosos dedicados a este objetivo.
"Eu não sou de postar muita coisa no Instagram, não imaginei que chamaria atenção desses golpistas", disse. Rayssa teve sua conta invadida em março deste ano. Na época, os criminosos se passaram por ela ao postarem stories com "oportunidades" para investimento de R$ 50 e lucro de R$ 5 mil em poucas horas. Segundo a engenheira, logo após o anúncio, eles publicaram uma foto da jovem, para não chamar atenção para o golpe. 
Por causa da política de segurança do Instagram, que promete rigidez nos casos de acesso não autorizado, usuários não conseguem reaver suas contas com facilidade. A plataforma, inclusive, indica que os donos de perfis assinalem a opção de autenticação em duas etapas para dificultar a ação desses golpistas. Nessa seleção, só é possível acessar o perfil ao confirmar a identidade do usuário através do recebimento de uma mensagem enviada pela plataforma.
O professor Fernando Couto, coordenador do curso de Direito da Faculdade do Grupo Etapa (ESEG) diz que sempre é indicado, além de seguir as recomendações de segurança da plataforma, também registrar um boletim de ocorrência para preservação de direitos e avisar aos contatos sobre a invasão da conta.
"Em algumas hipóteses, o usuário terá de contar com o auxílio das equipes de suporte destes aplicativos para recuperar suas contas. E, na infelicidade de não ter o auxílio adequado e/ou experimentar prejuízos desta invasão, cabe propor uma ação de indenização perante a Justiça", explica o professor.
Nesses casos em que a invasão vai parar na Justiça, Couto diz que a ação cabe "se ficar demonstrado que esta demora acarretou prejuízo econômico ao usuário. Mas o mais aceito, e comum, é o processo visando indenização pelos danos decorrentes desta invasão", detalha ele.
Rayssa diz que assistiu diversos tutorais, mas que só conseguiu a conta de volta no dia seguinte. Além disso, os golpistas trocaram o e-mail de acesso, o número de celular ligado à conta e o usuário, para dificultar a recuperação por parte do dono original. "Eles hackearam entre oito e nove horas da noite e eu só consegui recuperar lá pras 12h do dia seguinte", conta.
Questionado, o Instagram informou que além da autenticação de dois fatores também conta com as solicitações de login, que, quando acionados, são capazes de barrar a invasão de contas, além de caminhos disponíveis na Central de Ajuda da plataforma para auxiliar na recuperação da conta em caso de invasão.
"Recomendamos que as pessoas façam uso das ferramentas disponíveis e denunciem publicações e contas que considerarem suspeitas", diz a plataforma. 
Confira as recomendações do aplicativo
O Instagram recomenda a autenticação de dois fatores, além disso:
1 - Desconfie de publicações na internet que ofereçam serviços e bens por um valor abaixo do preço de mercado.
2 - Não clique em links desconhecidos, especialmente se não tiverem sido ativamente solicitados por você pelos caminhos oficiais de marcas ou estabelecimentos
3 - Não compartilhe links ou códigos de acesso recebidos por e-mail, SMS ou WhatsApp. Eles podem ser o código de acesso à sua conta.
4 - Ative a Solicitação de login: ao ativar a autenticação de dois fatores no Instagram, você receberá um alerta toda vez que alguém tentar entrar na sua conta por meio de um dispositivo ou navegador da web não reconhecido. Você pode aprovar ou recusar de imediato a solicitação nos seus dispositivos conectados. Sempre que desejar, também é possível ver uma lista dos dispositivos que entraram recentemente na sua conta do Instagram. Para isso, basta acessar "Configurações", "Segurança" e  E-mails do Instagram. Verifique se seu número de telefone e e-mail estão atualizados no aplicativo e jamais informe sua senha a terceiros.
Atividade de login
A plataforma também disponibiliza a visualização de e-mails enviados oficialmente pelo Instagram no próprio aplicativo, para os usuários saberem que receberam uma mensagem autêntica em seu e-mail cadastrado. Para conferir se o Instagram tentou entrar em contato com você, acesse as Configurações, Segurança e E-mails do Instagram. Não clique em links de e-mails que afirmam ser do Instagram se não for possível confirmar que o Instagram realmente os enviou por meio desse recurso.
Golpe duplo do Whatsapp
Um levantamento da empresa de segurança digital PSafe, feito em 2020, demonstrou que apenas no mês de outubro, 453 mil pessoas tiveram o WhatsApp clonado ou tiveram a conta falsificada. Renan Brito, de 27 anos, sofreu uma tentativa de golpe no mesmo dia que sua mãe. Segundo ele, a ação dos criminosos gerou um prejuízo de R$ 2 mil para a família.
"Um número me mandou mensagem falado 'Oi filho, mudei de número', mas eu já me liguei, só que ele mandou mensagem pra minha mãe assim 'Oi mãe, mudei de número', minha mãe perguntou quem e o cara já pegou uma foto minha com o meu irmão [...] ele mandou um boleto pra minha mãe pagar dizendo que na segunda depositaria e ela pagou", conta.
O WhatsApp também tem diretrizes voltadas aos usuários para que contas não sejam invadidas. A plataforma diz que por utilizar criptografia de ponta a ponta como padrão, não tem acesso ao conteúdo das mensagens trocadas entre usuários. O aplicativo encoraja que as pessoas reportem condutas inapropriadas diretamente nas conversas, por meio da opção "denunciar" disponível no menu do aplicativo (menu > mais > denunciar). Os usuários também podem enviar denúncias para o email support@whatsapp.com, detalhando o ocorrido com o máximo de informações possível e até anexando uma captura de tela.

"Como informado nos Termos de Serviço e na Política de Privacidade do aplicativo, o WhatsApp não permite o uso do seu serviço para fins ilícitos ou que instigue ou encoraje condutas que sejam ilícitas ou inadequadas. Nos casos de violação destes termos, o WhatsApp toma medidas em relação às contas como desativá-las ou suspendê-las", diz o aplicativo.

Para cooperar com investigações criminais, o WhatsApp pode também fornecer dados disponíveis em resposta às solicitações de autoridades públicas e em conformidade com a legislação aplicável.
A empresa também oferece confirmação em duas etapas, que funciona como uma camada extra de segurança para as contas. Esse recurso possibilita o cadastro de um e-mail (opcional) e de um PIN de seis dígitos (obrigatório), solicitado periodicamente para o usuário e necessário para confirmar o número no WhatsApp. Este PIN, assim como o código de verificação enviado por SMS, não deve ser compartilhado com outras pessoas, nem mesmo amigos próximos ou familiares. Também é importante ressaltar que o WhatsApp não entra em contato com nenhum usuário por telefone para solicitar qualquer tipo de recadastramento de senha ou da confirmação em duas etapas.
Sempre que uma conta de WhatsApp é ativada em um novo aparelho, o sistema envia um código por SMS para verificar o número.
Golpes e crianças na internet
De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2020, divulgada em novembro do ano passado, há 22 milhões de internautas no país na faixa etária entre 10 a 17 anos. Por conta disso, alunos do Colégio Centro de Estudos, de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, recebem orientações sobre acesso de informação nas redes com o intuito de que esses jovens também evitem cair em golpes.
"É importante lembrar que, com a mesma facilidade que as pessoas têm acesso às mídias sociais, quem aplica golpes e divulga notícias falsas também conta com essa acessibilidade. A dica básica dada pelos professores é buscar pela fonte. De onde saiu aquela informação e quem é o autor dela. No caso dos golpes que ocorrem frequentemente por meio das mídias sociais, a orientação é observar o perfil remetente daquela mensagem, avaliando seguidores e publicações, pois há um padrão nesses perfis que é a busca pelo anonimato", explica a professora da unidade, Camilla Mendes.