Sebastião Lazaroni foi treinador da Seleção na Copa América de 1989 - ANTONIO BATALHA/AE
Sebastião Lazaroni foi treinador da Seleção na Copa América de 1989ANTONIO BATALHA/AE
Por ALYSSON CARDINALI
Rio - Tite tem algumas coisas em comum com Sebastião Lazaroni além do peculiar linguajar — os famosos Titês e Lazaronês. Entre elas, ser o técnico que, assim como o comandante da Copa América de 1989, irá lidar com a pressão de levar a Seleção a mais um título continental no Brasil. Há três décadas, aos trancos e barrancos, Lazaroni ergueu a taça ao vencer o Uruguai, no Maracanã, e encerrar um jejum de 40 anos na competição. O pontapé inicial de Tite rumo a este feito será dado hoje, às 11h, na sede da CBF, onde ele convoca os 23 jogadores que vão em busca da glória. Sua esperança é repetir a conquista de Laza, também no Maracanã, dia 7 de julho, e reviver a emoção do gol de Romário em Zeoli. De forma nada empolada, Lazaroni dá alguns conselhos a Tite para fazer a festa da torcida novamente.
O DIA: Qual sua expectativa para a convocação? Espera alguma surpresa?
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Lazaroni - O Brasil tem muitos jogadores jovens e talentosos, como Arthur (Barcelona), Vinicius Junior (Real Madrid), Paquetá (Milan) e David Neri (Ajax). Gostaria de ver alguns deles na lista de convocados para a Copa América.
Assim como você, em 1989, Tite chega questionado à Copa América. A pressão é um adversário extra?
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Quem trabalha na Seleção tem que estar acostumado à pressão. Tite sabe que está em uma fase de questionamentos, pois o Brasil não foi tão bem na Copa da Rússia. Mas vejo a Copa América como uma nova chance de a seleção e o torcedor reatarem a relação. O torcedor é apaixonado.
Qual o caminho para isso?
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Trabalho. Resgatar o espírito das Eliminatórias para o Mundial de 2018, com um futebol compacto e ao mesmo tempo alegre e criativo. É preciso reviver aquela motivação.
Tite pode perder o emprego em caso de fracasso na Copa América?
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Ele não tem nem que pensar nisso, mas em fazer o melhor sempre. A Copa América pode ser um divisor de águas para o trabalho do Tite. Se for campeão, vai ganhar moral e confiança. Ele tem uma chance de ouro para isso.
Qual o segredo para ser campeão em casa? O Brasil é favorito?
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Conquistar a torcida com boas atuações. Com ela apoiando as coisas fluem melhor. O Brasil é sempre favorito ao título. Ainda mais jogando em casa.
Você convocaria o Neymar após ele ter agredido um torcedor?
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O Neymar é o melhor jogador da Seleção. Por que puni-lo duas vezes? Ele já foi suspenso pela agressão. O momento é de conversar com ele. Trata-se de outro momento, com outras exigências.
O Neymar ainda desequilibra?
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Se estiver motivado, sim. Eu lhe proporia o desafio de evitar as provocações. Ele é visado e precisa se preocupar apenas em jogar futebol.
Uma Copa América no Brasil te faz voltar no tempo?
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Ser campeão foi motivo de orgulho. Desde o tricampeonato mundial, em 1970, que não ganhávamos um título e dar essa alegria ao torcedor foi especial.
Mas foi sofrido...
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Enfrentamos muitas dificuldades. Eu estava há pouco tempo no comando, não existia data Fifa e as convocações eram complicadas. Vínhamos de uma excursão à Europa com derrotas para Dinamarca (4 a 0), Suécia (2 a 1) e Suíça (1 a 0), além de um empate com o Milan (0 a 0). Ainda houve o corte do Charles (Bahia), com três jogos em Salvador na primeira fase. O clima ficou ruim e os resultados não ajudaram. Mas demos a volta por cima em Recife e no Rio de Janeiro e superamos a pressão. Espero que o Tite seja campeão com menos sofrimento.
 
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