Fernando Diniz é o novo técnico interino da seleção brasileiraRodrigo Ferreira/CBF

Rio - Nesta quarta-feira (6), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em sua sede, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, apresentou o técnico Fernando Diniz como interino no comando da seleção brasileira até a chegada de Carlo Ancelotti, prevista para junho de 2024. Em entrevista coletiva, o comandante, que dividirá a responsabilidade com o Fluminense, foi recebido pelo presidente Ednaldo Rodrigues e celebrou a oportunidade.
"É uma mistura de alegria e hora poder estar aqui, ser escolhido, convocado para essa missão de treinar a seleção brasileira. Um sonho que se realiza, e eu pretendo, como fiz em todos os lugares, dedicar a minha vida a servir bem e, hoje, à seleção brasileira", iniciou Diniz.
O novo interino da seleção brasileira chega para ocupar de Ramon Menezes, que assumiu o mesmo posto após a saída de Tite, conduzir os primeiros momentos do ciclo visando o Mundial de 2026 e com possibilidade de integrar a comissão técnica do italiano, que ainda tem contrato com o Real Madrid.
"Meu contrato será de um ano. Não decidimos se engloba a Copa América. Quanto ao Ancelotti, não estou aqui para falar o que vai acontecer depois de mim. Meu compromisso é preparar bem a Seleção para o que temos pela frente", destacou.
 
A condução da contratação foi rápida, silenciosa - apesar de anunciada no último mês sobre a decisão de optar por um interino - e gerou grande repercussão devido ao nome de Fernando Diniz, um dos destaques do futebol brasileiro nas últimas temporadas. Sobre a relação e responsabilidade devido ao seu cargo no Fluminense, o técnico revelou alguns bastidores.
"Foram dias de alegria e ansiedade. O presidente (Ednaldo Rodrigues) procurou o Mário (Bittencourt, mandatário do Fluminense) primeiro e foi um gesto bastante respeitoso com o Fluminense. Fiquei muito honrado e alegre de ter sido escolhido. Usamos esse tempo porque precisava saber a quem eu ia me reportar. Conversei com o Ednaldo na segunda-feira para saber se, de fato, eu era quem ele queria para comandar a Seleção. Já tinha uma boa imagem do presidente e ela só se confirmou."
Serão três janelas em 2023 para partidas das Eliminatórias para a Copa do Mundo, contra Bolívia, Peru, Venezuela, Uruguai, Colômbia e Argentina. Curto espaço de tempo, pouco contato com os futuros convocados para implementar as ideias, mas, mesmo assim, Fernando Diniz não abrirá mão de seu estilo.
"Em relação às janelas curtas, existe uma distorção em relação ao meu trabalho. Eu prezo muito pelas relações e aqui na Seleção vou seguir essa mesma dinâmica, de proporcionar que os jogadores possam dar o seu melhor. Espero que os jogadores possam assimilar as ideias básicas do meu jogo. Acredito que teremos uma conexão rápida para ter bons resultados", explicou.
"Vou reproduzir aquilo que me trouxe aqui, agora com a melhor matéria-prima do mundo."

Confira outras respostas de Fernando Diniz

Divisão com o Fluminense
"Vou me dedicar 100% onde eu estiver. Quando sair aqui da coletiva, já vou me dedicar ao Fluminense. Quando estiver trabalhando na seleção, vou me dedicar totalmente a seleção. Claro que pode acontecer de ter que fazer um ajuste ou outro no meio do caminho, mas vou sempre me dedicar onde estiver naquele momento."
Conflito de interesses nas convocações
"Meu critério vai se basear muito na minha ética. Vou procurar o que é melhor para a CBF e o cenário do futebol brasileiro para avaliar o melhor possível. Questionamentos podem haver, mas não serão baseados na falta de ética."
"Não conheço o Ancelotti. Quero ter autonomia nas convocações e não terá interferência nenhuma. Converso com muita gente que me ajuda. Temos o estafe da CBF e algumas pessoas que vou trazer comigo, mas isso é ainda uma questão que vamos debater mais para frente.
Situação de Neymar
"Não sou de fazer projeções para o futuro. Quero cumprir esses 12 meses e olhar um dia de cada vez. Em relação ao Neymar, a palavra que me vem à cabeça é aberração. É um jogador que aparece de tempos em tempos e temos que aproveitar. É um extra-série no quesito de jogar futebol."
Convocações para testes na Seleção
"Minha ideia é convocar os melhores para o próximo jogo. Obviamente, você pode convocar alguns para preparar, mas, para mim, convocação de seleção é para trazer os melhores."
Busca por resultados
"Uma das coisas que sempre discutimos no Brasil é em relação a resultado. Determinamos valor das pessoas por uma bola que entra ou não. A vida é muito mais do que isso. Não tem a ver com você ter apreço pela vitória. Fomos eliminados pela Croácia sendo muito superior. Perdeu nos pênaltis e parece que tudo foi ruim. Não é assim. Eu acredito em processos. As pessoas sempre demonizam um só, parece um desejo infantilizado de achar heróis e vilões. Eu procuro ter resultados, mas graças a um trabalho bem organizado e executado."