Publicado 27/06/2024 07:00
Nino viveu intensamente os últimos 18 meses. Pelo Fluminense em 2023, conquistou os títulos do Carioca e da Libertadores, disputou Mundial de Clubes, foi convocado e estreou pela seleção brasileira. Já em 2024, realizou o sonho de jogar no exterior, foi campeão na Rússia fazendo gol, pelo Zenit, e celebrou o nascimento de Antônio, segundo filho. Agora, curte as férias merecidas com a sensação de dever cumprido e a expectativa de alcançar ainda mais objetivos daqui para a frente.
Publicidade"Foram meses muito intensos, que mudaram a minha vida, com certeza, que vão fazer parte para sempre como uma lembrança muito positiva. Cresci muito como jogador, como pessoa e foi um período determinante para mim. Finalmente estar de férias é um sentimento muito bom. Ainda melhor com o gosto de dever cumprido e a certeza de que eu fiz o melhor", afirmou em entrevista a O Dia.
Na Rússia desde o início do ano, Nino deixou o Fluminense após cinco anos. Nem mesmo a questão da guerra do país com a Ucrânia impediu a decisão de seguir o sonho. Ainda mais porque, no dia a dia na cidade de São Petersburgo, ele não vê nenhum impacto do conflito, nem recebeu orientação especial de segurança. Ainda assim, é impossível ficar alheio ao tema.
"Não impacta na minha segurança, na maneira que eu vivo o meu trabalho ou nos momentos de lazer com a minha família, enfim, uma saída a um restaurante. A sensação é 100% de segurança. A gente conversa, entre nós brasileiros, mas não é algo que nos preocupa", admite.
Aposta em recuperação do Fluminense
Mesmo distante, o zagueiro ainda acompanha o ex-clube. O fuso horário de seis horas a mais não ajuda, mas tenta estar na torcida e assistir aos jogos. A má fase tricolor dá tristeza, mas a esperança na virada dos ex-companheiros é grande.
"Sempre que eu posso estou torcendo. E para mim é muito triste ver o momento que o clube está atravessando. Ainda com a certeza de que esse momento vai passar, que as coisas vão voltar ao normal. O Fluminense vai voltar a performar bem e vai sair dessa situação (lanterna do Brasileirão). E eu espero que seja o mais rápido possível", analisou.
Nino ainda se mostrou animado com a chegada de Thiago Silva e só lamentou que tenha sido após sua saída. "A contratação achei espetacular. O Fluminense fica melhor sem dúvida alguma. É um jogador que eu sempre sonhei jogar junto, eu lamento por não ter dado certo, porque é um jogador que sempre admirei e torci. Mas eu quero que ele seja muito feliz, que possa ganhar grandes títulos e dar muitas outras alegrias para a torcida".
Durante as férias no Rio, o zagueiro visitou o CT Carlos Castilho e também o museu na sede de Laranjeiras. Pôde ver a conquista histórica que ajudou a construir como destaque, mas ainda assim, ainda não tem real dimensão do que ele e os ex-companheiros conseguiram.
"A visita ao museu foi muito especial. Por mais que eu tenha vivido cinco anos muito especiais no Fluminense, a gente nunca tem a dimensão exata dos feitos. Talvez daqui a alguns anos possa ter, e o museu escancara isso nos nossos olhos. Está lá em destaque o título mais importante da história do clube, assim como sou o primeiro jogador da história do Fluminense a conquistar um título olímpico no futebol. Isso me deixa com certeza muito orgulhoso, emocionado e é o que eu vou guardar para o resto da minha vida", disse.
Ajuda dos brasileiros do Zenit
Diante do que conquistou, o zagueiro de 27 anos entendeu que era preciso seguir outro caminho e encarou o desafio de ir para a Rússia. Levou a família junto, mas a esposa Larissa voltou para o Brasil com a filha Sofia para dar à luz. Por isso, Nino só veio a conhecer o filho Antônio quando acabou a temporada russa e retornou ao Brasil.
Além da saudade, aprender a conviver com o clima muito frio no país, foi a maior dificuldade que encontrou. E contou com a legião de brasileiros - são outros sete jogadores e mais o auxiliar-técnico William de Oliveira - para uma rápida adaptação.
"O jogo todo é diferente, a liga é muito diferente da que eu estava acostumado no Brasil e, ao mesmo tempo, tudo foi muito mais fácil pelos brasileiros no clube. A barreira da língua praticamente não existe, eu consigo entender todos os momentos do treino e as prelações. Nosso auxiliar, William, nos ajuda bastante. Eles têm feito a minha vida na Rússia muito mais fácil", admite.
Não demorou a se firmar no time titular e, para fechar com chave de ouro, marcou o primeiro gol justamente em momento importante, quando o Zenit perdia a final da Copa da Rússia para o Baltika Kaliningrad. Ao empatar aos 35 minutos do segundo tempo, Nino abriu o caminho para a virada e o segundo título pelo clube, mantendo a boa sequência de conquistas recentes.
Esperança em jogar a Liga dos Campeões
Ao todo, foram 15 partidas oficiais e mais dois amistosos entre janeiro e junho. Poderiam ser mais, mas os clubes russos estão impedidos de disputar competições continentais, como parte das sanções impostas por causa da invasão à Ucrânia. A experiência de jogar contra grandes nomes do futebol mundial, Nino terá de esperar mais um pouco.
"Claro que, se eu pudesse escolher, queria disputar a Champions League, contra os grandes jogadores e clubes do mundo. É o que eu sempre sonhei, e continuo sonhando. Meu desejo é que tudo voltasse ao normal. Enquanto não é possível, o sonho vai se alimentando no meu coração e eu espero um dia viver tudo isso que eu planejei e que eu tenho trabalhado muito para conseguir".
Seleção brasileira segue como meta
Num futebol atualmente mais escondido e sem grandes testes, Nino sabe que não será fácil ter a chance de voltar à seleção brasileira. Ainda assim, segue com a esperança.
"Sim, eu tenho um sonho, acredito que o caminho é continuar trabalhando, todos os dias fazendo o seu melhor. Uma hora a oportunidade vai chegar, estou sempre acompanhando e torcendo pela seleção brasileira. Espero um dia voltar", completou.
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